Por Walter Biancardine (*)
É fora de dúvidas que o teatral julgamento do ex-presidente Bolsonaro, iniciado ontem, não mereceu maiores atenções de qualquer um ainda possuidor de neurônios ativos e operantes, já que é um filme com final já revelado – e quem deu o “spoiler” foi o próprio julgador, que também é vítima, investigador e promotor.
Muito mais útil e interessante foi o depoimento de Eduardo Tagliaferro, em audiência no Senado, que descortinou vasto elenco de podridões, irregularidades e até crimes cometidos pelo “bunker” fascista instalado nas dependências alta Corte. Mas o que impele este escriba ao seu velho e obsoleto notebook, foi a afirmação feita por seu ex-assessor, de que Moraes carrega em si a pretensão de se tornar Presidente do Brasil – sim amigo leitor, você leu corretamente: “aquele que não se pode dizer o nome” quer se tornar “aquele que não se pode tirar do trono”, e esta última suposição explicarei abaixo.
Ainda ontem escrevi artigo – para outra publicação que também aceita meus desatinos – no qual tecia eu teorias, suposições, hipóteses, que explicariam toda a sanha persecutória de Moraes contra Jair Bolsonaro como sendo o pagamento de uma dívida, pendente com o submundo, que o teria levado às posições de poder que hoje ocupa. Tracei uma linha do tempo referente a carreira jurídica e política deste “que não se pode dizer o nome” e sublinhei fatos e “coincidências” que explicariam meus delírios – apenas divagações que, até onde sei, não constituem crime. Mas tais hipóteses foram elocubradas antes de Tagliaferro afirmar, na audiência, que era conhecido o desejo do inominável em se tornar Presidente da República – e tal fato, longe de desmontar meus devaneios, os reforçam.
Vejamos: juntamente à eliminação de Jair Bolsonaro e de seus aliados do cenário político, “aquele que não se pode dizer o nome” procedeu abertas investidas contra a separação dos Poderes, prevista na Constituição Federal. Restritos pela previsão legal de “foro privilegiado” – que encaminha processos diretamente ao STF – todo e qualquer político que alcance a posição de Presidente da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (ou mesmo pelo simples fato de terem sido eleitos) está nas mãos do inominável. Grande maioria tem “rabos presos” mas, ainda que não os tenham, o descapilarizado togado inventará alguma coisa para os tirar do jogo e empurrá-los ao xilindró – tal qual faz, hoje, com Bolsonaro. E deste modo temos, já hoje, um Congresso fechado – vide o comportamento de Davi Alcolumbre e Hugo Motta.
O plano é fazer com que o atual mandatário – Lula – deixe o poder por qualquer motivo e que seu vice – Alckmin, o enrustido sócio – termine por renunciar, alegando alguma platitude. Ora, o terceiro Poder na linha de sucessão presidencial é o Presidente do STF, que assumiria e – docemente constrangido pelas “delicadas situações políticas do país” – entregaria o cetro ao inominável. Sim, Voldemort não quer ser eleito pois eleições significam prazos, e ele quer a eternidade. Cabe notar que o raciocínio acima vale para o 9 dedos na Presidência da República ou para qualquer outro – desde que seja “do sistema”, pois cumpriria idêntico rito de entrega de poder, colaborando para um esquema de exceção provisório mas que, na realidade, jamais teria um fim.
As eleições para outros cargos não seriam problemas, já que nossas maravilhosas urnas eletrônicas, dotadas da sofisticadíssima tecnologia do “livre-arbítrio artificial”, se encarregariam de eleger somente aqueles que se coadunem com a sonhada juristocracia togada. E assim, não apenas sua dívida com o submundo estaria paga como, também, este mesmo “dark side” participaria oficialmente do poder, sem prazo de término e trajando elegantes ternos e gravatas, típicos da Faria Lima em São Paulo.
Alguém duvidaria que, uma vez sentado ao trono, o inominável fecharia de vez as redes sociais? Alguém discorda que opositores seriam eliminados – até fisicamente, seja através de “acidentes”, “suicídios” ou da boa e velha bala na nuca – e que toda a população se recolheria em casa, calada e temerosa por seus próprios destinos? Seria impossível ter a certeza de que o Brasil se tornaria, oficialmente, dois “protetorados” (um nome chique para “colônia”), um da China e outro da Rússia? E que estas mesmas vastas terras que habitamos se transformariam em plataforma militar para avanços diretos, ofensivas militares, contra os Estados Unidos da América?
Certamente o amigo leitor recomendará que eu guarde minha garrafa de Jack Daniel’s, que é feio embebedar-se antes do meio-dia e que gaste meu tempo escrevendo sobre coisas mais úteis e plausíveis.
Em minha defesa só posso citar a frase de meu professor, Olavo de Carvalho, que dizia: “a única coisa que faz sentido e pode explicar o mundo atual são as teorias conspiratórias”.
Mas vou guardar a garrafa, tenho de fazer meu almoço.
























