Walter Biancardine (*)
Um país em que 26% da população vive sob o jugo direto das facções criminosas não é uma democracia; é uma nação sequestrada. Este fato, recentemente divulgado, poderia soar como mais uma estatística de violência, mas ela revela algo maior: não se trata apenas da miséria das favelas ou da impotência das forças policiais – é a comprovação de que o Estado brasileiro perdeu a soberania – sim, ela, tão falada nestes últimos tempos – sobre o próprio território.
É preciso dizer o óbvio: somos todos reféns. O morador de favela que paga “arrego” à facção é tão prisioneiro quanto o cidadão de classe média, que não pode expressar opinião política sem correr o risco de ser censurado por uma canetada da Corte Suprema.
A prisão, nesse caso, não tem grades: ela é psicológica, cultural, jurídica. Quando ministros que deveriam defender a liberdade de expressão decidem quem pode ou não falar, o recado é claro: todos estamos dentro de uma mesma cadeia.
Mas há um elo mais profundo entre o crime e a política. Não é acaso que Lula seja o fundador do Foro de São Paulo, organização que, desde os anos 1990, reuniu partidos de esquerda, ditaduras amigas e narcotraficantes como as FARC.
O Foro foi a incubadora de uma aliança obscura entre ideologia e tráfico internacional de drogas – uma espécie de “ONU do crime”, na qual alguns partidos políticos brasileiros de esquerda e seus pares, sempre tiveram lugar cativo. Quando se liga os pontos, percebe-se que as facções que mandam em quase um terço do território nacional não operam isoladas: são parte de uma rede política e ideológica que atravessa fronteiras, financia alguns partidos e elege parte dos parlamentares.
O que temos hoje é a fusão entre o crime e a política. Alguns dominam os becos, outros Brasília. Alguns vendem cocaína na esquina, os outros vendem narrativas no Jornal Nacional, o qual, sempre cúmplice de todos. O resultado, para o cidadão comum, é o mesmo: medo, impotência, silêncio forçado.
Alguém poderia dizer que exagero, mas olhemos friamente: o Estado brasileiro se retirou de vastas áreas do país, entregando-as às facções. Ao mesmo tempo, o Judiciário avançou, invadindo os outros poderes e passando a legislar por conta própria, tendo um Congresso, em parte, envolvido com falcatruas e também refém da Corte Suprema. Quem ousa questionar, é perseguido, processado, cancelado.
E como se tudo isso não bastasse, sofremos as consequências um governo falido, que posa de democrata, mas que nasceu no ventre do Foro de São Paulo – aquela mesma instituição que abrigava narco-guerrilhas sob a desculpa de “resistência anti-imperialista”.
Em outras palavras: não há inocência possível, o sistema praticamente inteiro está comprometido e podre. Lula e o PT sempre souberam que seu projeto de poder dependia de alianças com o crime e elegeu – ou ajudou a eleger, sob discursos assistencialistas e identitários, parlamentares financiados pelo submundo. A Corte Máxima, por sua vez, se travestiu de guardiã da democracia. enquanto, na prática, atua como garantidora de um regime de exceção. Não há para onde correr.
A pergunta é: até quando? Quantos mais precisarão morrer nas favelas; quantos mais jornalistas terão de ser calados; quantas decisões de operadores da Justiça continuarão defendendo bandidos ou punindo policiais; quantos mais brasileiros terão de viver como clandestinos em seu próprio país ou asilados, para que se admita o óbvio?
O diagnóstico está dado: não temos soberania, não temos democracia, não temos liberdade. A esses, interessa que permaneçamos calados, resignados, anestesiados.
Mas a verdade não pode ser censurada para sempre.
Cedo ou tarde, o povo brasileiro precisará escolher entre romper esse cativeiro, ou viver como refém perpétuo – sob as armas, Justiçamentos e a caneta de ministros.
Quem viver, verá!
























