A Mostra CinemAÇO estreia nesta sexta-feira (22), às 20h, no Centro Cultural da Fundação Aperam Acesita, em Timóteo, com entrada gratuita. Sem classificação indicativa, o evento reúne cineastas da região e propõe uma narrativa audiovisual que celebra e questiona a memória, a identidade e os conflitos operários vividos ao longo das décadas no Vale do Aço.
Um dos destaques da mostra é o documentário Sobre Borboletas e Outras Histórias, de Sávio Tarso. Com a simbologia delicada das borboletas desenhadas por crianças, o curta traz à tona o impacto do racismo estrutural na infância. Gravado no Fórum Dr. Geraldo Perlingeiro de Abreu, em Timóteo, e em uma escola estadual de Ipatinga, o filme envolveu estudantes, professores e servidores em sua produção.
Outra produção local em destaque é Identidade, de Jadson Naga, um média-metragem dividido em quatro capítulos, inspirado no poema Identidade, do sambista baiano Ederaldo Gentil. A obra traça a trajetória de um operário metalúrgico entre os anos 1980 e os dias atuais, abordando temas como direitos trabalhistas, saúde mental, aposentadoria e as marcas de transformações políticas e culturais. O filme foi realizado integralmente em Timóteo, com equipe e trilha sonora da região — a música é da banda LendrikLend— e financiado pela Lei Paulo Gustavo, via Prefeitura de Timóteo.
A mostra também abre espaço para o sentimento coletivo de pertencimento e representatividade. A produtora Lau Papalino reforça esse ponto: “O CinemAÇO vem para oferecer conteúdos produzidos aqui mesmo no Vale do Aço, em cidades como Timóteo e Ipatinga, representando nossa sociedade e nossa cultura. Não é novidade utilizar o cinema em contextos educacionais e sociais, mas buscamos promover uma interação crítica e colaborativa que conecte alunos, professores e comunidade, fortalecendo nossa identidade regional”.
RECONHECIMENTO
Para o cinegrafista Caju Santiago, com mais de 34 anos de atuação, a mostra representa um reconhecimento importante: “Passei a vida atrás das câmeras, registrando histórias e ajudando a dar voz a outras narrativas. Minha expectativa é que o público reconheça a força do cinema construído aqui, com nossos recursos e nosso olhar. Contribuo para a construção de uma memória audiovisual do Vale do Aço, mostrando que não precisamos esperar nada de fora — temos talento e criatividade suficientes, mesmo com recursos reduzidos”.
Sávio Tarso destaca o caráter coletivo da iniciativa: “O evento surgiu da união de realizadores locais, como a Caju Filmes, Naga Produções e Videoplus, e foi acolhido pela Fundação Aperam. É a primeira edição do CinemAÇO, uma oportunidade de exibir produções fomentadas pela Lei Paulo Gustavo e compartilhar esse trabalho colaborativo com o público. É fundamental que o Vale do Aço se reconheça como produtor de curtas e documentários, expandindo seu setor cultural. Convidamos escolas da região — como a EJA do centro de Timóteo e a escola Antônio Silva — a vivenciarem essa experiência, fortalecendo o diálogo entre cinema e comunidade”.
























