O governo federal anunciou um pacote de medidas controverso que inclui a flexibilização da fiscalização sanitária de alimentos, com o objetivo declarado de reduzir preços ao consumidor. A proposta, que será apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), permite que produtos circulem entre estados sem passar pelos tradicionais sistemas de inspeção.
A iniciativa surge em um momento de alta expressiva nos preços dos alimentos, que acumularam inflação média de 7,69% em 2024, superando significativamente o índice oficial de 4,83%. As carnes, item essencial na mesa do brasileiro, registraram aumento ainda mais acentuado, chegando a 20,84% no mesmo período.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou que novas reuniões com o setor produtivo estão previstas para definir detalhes da implementação. Entre as medidas complementares, destaca-se o Desenrola Rural, programa que permitirá a renegociação de dívidas de agricultores familiares com descontos que podem alcançar 96% do valor devido.
Especialistas em segurança alimentar expressam preocupação com os possíveis riscos à saúde pública. A redução das exigências sanitárias, embora possa agilizar o comércio interestadual, levanta questionamentos sobre a garantia de qualidade e higiene dos produtos que chegam ao consumidor.
O impacto da inflação dos alimentos já se reflete na percepção popular sobre a economia. Pesquisa realizada pela Quest indica que em oito estados brasileiros, mais de 90% dos entrevistados relataram aumento nos preços dos alimentos no último mês. Em grandes centros como São Paulo e Salvador, mesmo com variações distintas na inflação local, aproximadamente 95% da população percebeu a elevação dos custos.