Num movimento que reflete a perda de confiança no mercado brasileiro, investidores estrangeiros retiraram R$ 24,2 bilhões da B3 em 2024, marcando o pior resultado em nove anos. O êxodo massivo de capital internacional impactou severamente o principal índice da bolsa de valores brasileira, que encerrou o ano com queda acumulada de 10,36%.
A debandada de recursos externos só encontra paralelo nos anos de 2018 e 2019, sendo que em todo o histórico desde 2016, apenas esses três períodos registraram saldos negativos. O cenário contrasta fortemente com 2022, quando o mercado brasileiro atraiu volumes expressivos de investimentos internacionais, impulsionado pela retomada pós-pandemia.
“A saída massiva de capital reflete um cenário de incertezas que afetam a percepção dos investidores externos sobre o Brasil”, explica Einar Rivero, CEO da Elos Ayta. Segundo o especialista, o fluxo de recursos estrangeiros funciona como um termômetro da atratividade do mercado brasileiro no cenário internacional.
Entre os fatores que contribuíram para o cenário negativo estão a forte alta do dólar, a aceleração da inflação e, principalmente, as dúvidas do mercado sobre a capacidade do governo em equilibrar as contas públicas. Apenas três meses do ano – julho, agosto e setembro – registraram entrada líquida de recursos, enquanto nos outros nove meses predominou a retirada de investimentos.
A atual conjuntura evidencia a necessidade de medidas que tornem o mercado financeiro brasileiro mais resiliente e atraente para o capital internacional. O desafio agora é reconquistar a confiança dos investidores estrangeiros, fundamentais para o desenvolvimento do mercado de capitais nacional.