A Venezuela surpreendeu exportadores brasileiros ao retomar a cobrança de impostos sobre produtos que deveriam estar isentos desde 2014, contrariando o Acordo de Complementação Econômica entre os países. A medida afeta principalmente o estado de Roraima, que exportou US$ 144,6 milhões em mercadorias como farinha, cacau e margarina só em 2024.
O governo venezuelano não apresentou justificativa oficial para a decisão, que permite aplicar alíquotas entre 15% e 77% sobre produtos brasileiros. A Federação das Indústrias do Estado de Roraima iniciou investigação para entender por que os certificados de origem, que garantiam a isenção, estão sendo desconsiderados pelas autoridades do país vizinho.
Eduardo Ostreicher, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Venezuela, sugere que a cobrança pode estar relacionada a uma nova postura política de Caracas em relação ao Mercosul. A entidade enviou ofício à embaixada brasileira em Caracas relatando as inconsistências identificadas no processo.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sob comando do vice-presidente Geraldo Alckmin, confirmou ter recebido relatos sobre dificuldades na aceitação dos documentos. A pasta informou que a embaixada brasileira já iniciou conversas com autoridades locais para resolver o impasse.
A situação se agrava em um contexto já delicado nas relações bilaterais. Em 2023, o governo brasileiro não reconheceu oficialmente a reeleição de Nicolás Maduro, embora também não tenha admitido publicamente as denúncias internacionais de fraude eleitoral que mantiveram o líder venezuelano no poder.
























