Por Natália Brito (*)
Em setembro deste ano, o Governo do Paraná apresentou oficialmente o projeto arquitetônico do Centre Pompidou Paraná, a ser construído em Foz do Iguaçu. O empreendimento, assinado pelo renomado arquiteto paraguaio Solano Benítez, marca a chegada às Américas de uma das instituições culturais mais prestigiadas do mundo.
O Centre Georges Pompidou, em Paris, nasceu da visão modernizadora do então presidente francês Georges Pompidou, que acreditava na necessidade de um espaço que unisse museu, biblioteca e centro de experimentação cultural em um único lugar. O projeto, assinado por Renzo Piano e Richard Rogers, causou polêmica ao expor suas estruturas metálicas e tubulações coloridas na fachada — um gesto ousado para a época, que transformou o edifício em ícone da arquitetura high-tech. Eu mesma já tive a oportunidade de conhecer o Pompidou parisiense e posso afirmar que a experiência de imersão entre arte, arquitetura e cidade é única.
A versão brasileira do Pompidou será construída em Foz do Iguaçu, região estratégica na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. O projeto arquitetônico aposta em materiais locais, como o uso da terra vermelha característica do solo iguaçuense, além de sistemas construtivos sustentáveis que dialogam com a paisagem da Mata Atlântica. A concepção reflete a filosofia de Solano Benítez: arquitetura como extensão do território, não como imposição sobre ele.
A chegada do Centro Pompidou ao Brasil é considerada histórica. Será o primeiro “satélite” do museu francês nas Américas, reforçando a relevância cultural de Foz do Iguaçu não apenas como polo turístico pelas Cataratas, mas também como destino cultural de peso. Os desafios, no entanto, não são poucos: a execução do projeto depende de licitação e de gestão transparente para garantir que a obra não se limite a um cartão-postal, mas que se torne efetivamente um equipamento público, acessível à população local e conectado à realidade brasileira.
Se o Pompidou de Paris revolucionou a forma como o mundo percebe os museus — transformando-os em espaços abertos, interativos e de convivência —, a versão paranaense carrega consigo o potencial de ampliar esse conceito em um contexto único: a diversidade cultural da tríplice fronteira.
























