O governo Lula articula a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva no Senado para investigar as suspeitas de corrupção no INSS, numa tentativa de enfraquecer a CPMI já em andamento liderada pela oposição. A estratégia visa garantir maior controle sobre as investigações das fraudes na autarquia previdenciária.
A base aliada do governo no Senado prepara uma ofensiva para instaurar uma nova comissão investigativa que funcionaria paralelamente à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, já em fase de instalação sob comando da oposição. A principal justificativa apresentada pelos governistas é que uma comissão exclusiva do Senado, com cerca de 20 membros, seria mais eficiente que uma CPMI com 60 parlamentares.
Senadores alinhados ao Palácio do Planalto admitem que não conseguiram impedir o avanço da CPMI articulada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Diante da inevitável instalação da comissão mista, a estratégia passou a ser a criação de um colegiado menor e mais controlado pela base governista, que tem maioria no Senado.
A proposta deve ser apresentada nos próximos dias ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Os articuladores do governo confiam na facilidade para reunir as assinaturas necessárias, já que contam com amplo apoio na Casa.
O caso envolve denúncias de desvios de recursos e concessões irregulares de benefícios no Instituto Nacional do Seguro Social. Enquanto a oposição acusa o governo de tentar minimizar as investigações, parlamentares da base argumentam que buscam dar mais agilidade e organização ao processo investigativo.
Nos bastidores, representantes do governo reconhecem que falharam na tentativa inicial de convencer aliados a não apoiarem a CPMI proposta pela oposição. Com a nova estratégia de criar uma CPI paralela, esperam assumir o protagonismo das investigações e reduzir possíveis desgastes políticos para a gestão Lula.
A manobra evidencia a preocupação do governo com o potencial político das investigações sobre as irregularidades no INSS, uma das maiores autarquias federais, responsável pelo pagamento de benefícios previdenciários a milhões de brasileiros.