O programa Mais Médicos, criado em 2013 durante o governo Dilma Rousseff (PT), voltou ao centro das atenções após o Departamento de Estado americano impor sanções contra ex-integrantes do Ministério da Saúde brasileiro e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). As autoridades americanas alegam cumplicidade com um sistema de trabalho forçado envolvendo médicos cubanos.
O programa surgiu com a proposta de levar atendimento médico a regiões remotas e periferias do Brasil, onde havia escassez de profissionais. Na prática, abriu as portas para médicos estrangeiros, principalmente cubanos, trabalharem no país sem a necessidade de revalidar seus diplomas. Entre 2013 e 2018, mais de 20 mil profissionais cubanos atuaram no programa, representando cerca de 60% do total de participantes.
O modelo de contratação dos cubanos gerou polêmica desde o início. O governo brasileiro pagava aproximadamente R$ 10 mil mensais por profissional ao regime de Havana, que retinha a maior parte do valor antes de repassar uma fração aos médicos. Esse mecanismo é hoje questionado pelos Estados Unidos como forma de exploração laboral.
Em 2018, Cuba retirou seus profissionais do programa após exigências do então presidente Jair Bolsonaro, como a obrigatoriedade do Revalida e contratos individuais. O programa passou por reformulações nos governos seguintes, mantendo a possibilidade de contratação de estrangeiros sem revalidação do diploma, mas com restrições de atuação.
Atualmente, o Mais Médicos permanece ativo em mais de 4 mil municípios brasileiros, incluindo distritos indígenas. Somado ao programa Médicos pelo Brasil, reúne mais de 26 mil profissionais e cobre mais de 80% dos municípios do país. Entretanto, a dispensa da revalidação do diploma continua gerando debates sobre a qualidade do atendimento oferecido à população.
A recente decisão americana de impor sanções contra ex-gestores do programa, incluindo um de seus idealizadores, Mozart Júlio Tabosa Sales, reacende discussões sobre o modelo adotado na parceria com Cuba e suas implicações éticas e trabalhistas. Enquanto defensores argumentam que o programa garantiu assistência médica a localidades desassistidas, críticos apontam fragilidades no sistema e questionam a qualidade do serviço prestado.
























