Por William Saliba (*)
A geopolítica global observa com atenção uma ruptura simbólica e estratégica: Elon Musk e Donald Trump, duas figuras centrais no cenário político e econômico dos Estados Unidos, protagonizam um conflito público que sinaliza o colapso de uma aliança até então considerada sólida. O atrito ocorre em um momento de alta sensibilidade para a política interna norte-americana e com repercussões no tabuleiro internacional.
O embate ganhou força nas redes sociais, onde Musk — proprietário da plataforma X (antigo Twitter) — declarou que Trump só venceu as eleições com seu apoio direto, e insinuou envolvimento do ex-presidente com o escândalo de Jeffrey Epstein, cujos documentos sigilosos ainda não foram integralmente revelados.
A discórdia se acentuou quando Musk criticou severamente uma proposta fiscal apoiada por Trump durante seu mandato, classificando-a como “uma abominação repugnante”. Trump respondeu à altura, lamentando o posicionamento do empresário e revelando ter cortado subsídios à indústria de veículos elétricos — uma medida que atingiu diretamente os interesses comerciais de Musk.
O episódio ganhou contornos mais graves quando Musk sugeriu que Trump poderia estar implicado nos arquivos confidenciais do caso Epstein, questionando a demora na sua divulgação. Em resposta, Trump acusou o bilionário de ter “pirado” após a perda de subsídios federais e defendeu os cortes como parte de uma política de austeridade que teria poupado “bilhões de dólares” aos cofres públicos.
Esse rompimento encerra uma parceria que teve peso real no cenário político dos últimos anos. Musk afirma ter sido decisivo na vitória republicana, alegando que sem sua intervenção, os democratas teriam ampliado sua influência. Já Trump rechaça essa narrativa e insinua que as críticas de Musk têm motivação puramente econômica.
Para analistas, a briga evidencia um racha na frente ideológica que vinha se consolidando como eixo da oposição ao progressismo no Ocidente.
No Brasil, a cisão pode desestabilizar o campo político, que via nesses dois líderes referências para um reposicionamento conservador e a retomada da normalidade democrática, através do restabelecimento do estado direito e das garantias constitucionais.
Lembrando o refrão de um antigo rock brasileiro dos anos 60, “A Esperança é a última que morre”.