A TV Brasil, canal público de televisão ligado ao Ministério das Comunicações, planeja incluir na sua grade de programação um telejornal que irá exibir apenas “boas notícias”. A ideia é levar ao ar apenas fatos considerados “leves” sobre temas como saúde, comportamento e entretenimento.
A atração tem sido negociada diretamente pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, com Sirlei Batista, diretora de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal responsável pela TV. Ainda não há data para estreia.
O presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares são críticos da cobertura da imprensa sobre a pandemia e defendem um noticiário que se concentre no número de curados da Covid-19. Um dos ministros mais próximos do presidente, o ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, costuma reclamar que “só tem caixão” na TV.
“No jornal da manhã é caixão, corpo; na hora do almoço, é caixão novamente. No jornal da noite, é caixão, corpo e número de mortos”, disse Ramos em entrevista no Palácio do Planalto, no ano passado.
“BOM DE VER”
O nome do telejornal de boas notícias já está definido: Bom de Ver. As gravações do piloto, espécie de versão de teste, já foram feitas. A exibição será ancorada pelos jornalistas Katiuscia Neri, que hoje apresenta o Repórter Brasil, principal telejornal da emissora, e Tiago Bittencourt.
Em cerimônia no Palácio do Planalto na terça-feira (15), Faria defendeu o uso da TV pública para combater “narrativas erradas”.
“No fim da linha, presidente, é onde sua voz chega”, afirmou Faria, dirigindo-se a Bolsonaro.
Na plateia formada por donos de emissoras de televisão e rádio, Faria fez uma convocação:
“Tenho certeza que todos vocês, a partir de agora, vão conseguir atingir mais a voz que é necessária para chegar nos lugares onde, até hoje, chegam informações equivocadas e narrativas erradas. Que a verdade possa chegar onde o povo quer ouvir! A gente, infelizmente, muitas vezes, é obrigado a ficar combatendo fake news, perdendo tempo, deixando de trabalhar, deixando de fazer os nossos deveres aqui, para desmistificar as notícias enganosas. Vamos levar a verdadeira comunicação para o restante do país”.
(Com informações do Estadão)