A Usiminas divulgou na última sexta-feira (27) os resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23). Apesar do maior volume de vendas, os números foram fortemente impactados pelo aumento das importações de aços laminados, especialmente da China, o que pressionou os preços no mercado.
No período, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 166 milhões, frente a um resultado positivo de R$ 287 milhões no trimestre anterior. O Ebitda ajustado consolidado ficou negativo em R$ 20 milhões e a margem Ebitda também foi negativa em 0,3%. Já as vendas de aço totalizaram 1 milhão de toneladas, um aumento de 5% na comparação com o trimestre anterior.
“Não é novidade que a Usiminas, assim como toda a indústria siderúrgica brasileira, está passando por um momento desafiador. Os elevados níveis de importação de aço proveniente principalmente da China, que chegam até o país com preços artificialmente baixos, abaixo do custo em alguns casos, e criam uma concorrência desleal com o aço nacional”, comenta Marcelo Chara, presidente da Usiminas.
O executivo reforça a importância de uma ação do governo brasileiro para garantir isonomia de competição. “O México recentemente aumentou a tarifa de importação para 25%. Em comparação, a tarifa de importação do Brasil está em 10,8%. Isso leva a uma invasão de produto porque outros mercados se fecharam para a concorrência desleal, enquanto o Brasil continua aberto”, afirma.
INVESTIMENTOS
O investimento do 3T23 totalizou R$ 886 milhões, destinado, principalmente, à reforma do Alto-Forno 3 da Usina de Ipatinga, maior investimento da companhia no ano. Com a conclusão das obras, a Usiminas prepara o equipamento para a entrada em operação. “É um trabalho cuidadoso para retomar com segurança e cuidado com o meio ambiente. Foi uma obra complexa e que trará muitos benefícios e competitividade para a Usiminas. O Alto-Forno 3 tem diversas melhorias de tecnologia que melhoram o desempenho, impactando em custos e na redução de emissão por tonelada produzida”, destaca Chara.
Entre os ganhos esperados estão o aumento da produtividade, com a redução de consumo de combustível e carga metálica, e diminuição das emissões de carbono. Esses ganhos serão percebidos no primeiro trimestre de 2024, após o período de ramp-up para estabilização operacional do equipamento.
Além do Alto-Forno 3, que agrega melhorias ambientais em sua nova configuração, outra medida realizada na Usina de Ipatinga com foco na nossa performance ambiental foi a paralisação da Coqueria 3, que também contribuiu para a redução de custos, um dos principais focos da gestão.
O presidente ressalta que o cenário do mercado, pode impactar na produção da companhia. Ao invés de um retorno à plena carga na Usina de Ipatinga, a Usiminas irá analisar o cenário e sua configuração produtiva, podendo abafar um de seus altos-fornos menores, como forma de adequação à demanda atual.
“Sem medidas concretas, o mercado continuará sofrendo com o aumento da concorrência podemos ter que abafar um dos fornos menores. Não poderemos operar com toda a nossa capacidade. Já em 2023, deixamos de abrir 600 vagas de trabalho pela concorrência chinesa”, explica o executivo.