Por Edmílson Firmino (*) – Eventualmente as pessoas me perguntam qual o prognóstico eleitoral para as eleições de Ipatinga em 2024. Na verdade, é impossível fazer qualquer previsão segura, sem conhecer as peças do tabuleiro eleitoral. É arriscado fazer um exercício de ‘futurologia’. Mas, podemos assegurar que dificilmente repetirá o ‘jogo’ de 2020, que surgiu como grande ‘surpresa’ o então candidato bolsonarista Gustavo Nunes.
Além do apoio pessoal de Bolsonaro e pastores nacionais, como até mesmo da eleita senadora Damares Alves na ‘reta final’, Nunes era ferrenho adversário do ex-prefeito Nardyello Rocha, fazendo promessas mirabolantes aos eleitores, como de acabar com taxas e impostos no município, algo impossível de se concretizar.
Agora no poder, Nunes deixa de ser estilingue para ser vidraça. E passado dois anos de gestão, sua lua de mel com o eleitor já passou. Sempre muito exigente, o eleitor passa a cobrar resultados práticos da gestão, que não se conforma apenas com o belo e largo sorriso diário do jovem prefeito.
Logo, a eleição de Ipatinga não será ‘nacionalizada’ como em 2020, ainda porque o presidente hoje é outro, o petista Lula. E ainda, que a cidade tenha sido ‘endireitada’ de uns tempos para cá. A volta da direita no cenário político é uma realidade – gostando ou não, mas não é garantia de migração de votos dos conservadores apenas para Gustavo Nunes nas próximas eleições.
Portanto, a eleição de 2024 vai depender muito do perfil dos prováveis candidatos, inclusive de oposição de Gustavo Nunes, exemplo de Nardyello Rocha, que anda ‘gastando’ muita sola de chinelo, como costuma se calçar no seu dia a dia. Rocha só começou sair às ruas, por perceber uma lacuna, caso contrário continuaria desfrutando de seu aconchegante sítio.
A cada abraço do eleitor que pede a sua volta, Rocha se empolga mais.
Ley do Trânsito, atual presidente da Câmara, é outra pedra no sapato de Gustavo Nunes. Ley se esforça para fazer um ‘governo paralelo’ no Legislativo. E em parte, até consegue, dada à ausência de identidade do governo gustavista. Se se cacifar, Ley Trânsito não descarta inclusive o recuo do atual prefeito – o que se confirmaria como um político marionete, conforme insinuam ironicamente os adversários.
Por fim, muito cedo para prognósticos seguros, ainda que pesquisas em profundidade nos ajudem a entender melhor a ‘cabeça do eleitor’ que nem sempre pensa igual ao ativista político, daquele que respira diariamente o mundo político. O eleitor é sempre mais razoável.
(*) Edmílson Firmino, jornalista e diretor da Tabulare Inteligência