O operador de máquinas aposentado Antônio Carlos de Abreu Lima, de 61 anos, morador de Alvinópolis (MG) começou a fumar aos 12 anos por curiosidade, influenciado pelo ambiente e pelos amigos que fumavam. Durante 28 anos, ele foi consumido por um vício que chegou a dominar sua rotina. “Eu fumava cerca de dois maços por dia, era automático. Acordava e já acendia um cigarro e ia dormir fumando. Cheguei a amarelar o teto do meu quarto”, relembra ele.
Os efeitos do tabaco começaram a cobrar seu preço em Antônio manifestando-se em cansaço permanente, falta de ar e um sabor desagradável na boca causado pela nicotina. A situação tornou-se alarmante quando sua saúde física e a sensação de bem-estar começaram a declinar mesmo com a prática regular de exercícios físicos, como andar de bicicleta. Foi então que decidiu que era hora de fazer uma mudança radical e aos 40 anos deu um basta no tabagismo.
“Sempre tive preparo físico e já estava ficando muito cansado, vi que era hora de mudar minha vida e decidi parar de fumar. Os primeiros dias foram os mais difíceis, mas aguentei firme, diminuí o consumo de bebidas, comecei a pedalar e encontrei na atividade física uma forma de suprir a falta do cigarro”, ressalta ele.
Os benefícios à saúde de Antônio Carlos foram imediatos. Seu paladar melhorou significativamente, seu preparo físico se fortaleceu e ele passou a se engajar em uma rotina de exercícios mais intensa, incluindo corridas semanais de 15km, pedaladas de 40km em estradas de terra e caminhadas regulares de 12km.
VÍCIO
O tabagismo é uma doença causada pela dependência química da nicotina, substância altamente viciante presente no tabaco. A fumaça do tabaco possui mais de 7.000 substâncias tóxicas, das quais pelo menos 70 são conhecidas por serem cancerígenas e que afetam diretamente os órgãos vitais do corpo humano. Como um vício poderoso que afeta milhões de indivíduos em todo o mundo, o tabaco acaba por automatizar a vida das pessoas e dominar seu cotidiano.
Do primeiro trago ao vício é um passo. Quando inalada, a fumaça do cigarro e de derivados do tabaco como charuto, cachimbo, narguilé e outros, provoca efeitos destruidores e irreversíveis em quem fuma e em quem convive com o fumante ao longo do tempo.
Estima-se que esse vício mate mais de 8 milhões de pessoas anualmente no mundo, de acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo 7 milhões de fumantes ativos e cerca de 1,2 milhão de pessoas expostas à fumaça do cigarro, os fumantes passivos.
PREJUÍZOS À SAÚDE
Apesar do bem-estar temporário, o cigarro traz inúmeros prejuízos à saúde. Ele é responsável por cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão, além de estar associado a diversas outras doenças, como cardiovasculares, enfisema pulmonar, bronquite crônica e câncer de boca, laringe, esôfago, pâncreas e bexiga, entre outras.
Marcos de Abreu, pneumologista da Fundação São Francisco Xavier, ressalta que uma das principais doenças associadas ao tabagismo é a pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), caracterizada pela presença de enfisema pulmonar e bronquite crônica. Entre os sintomas estão a falta de ar, tosse e chiado no peito. A enfermidade aumenta o risco de infecção, pneumonia, internação – inclusive na UTI, intubação e ventilação mecânica.
Além da DPOC, mais de 50 doenças estão associadas ao tabagismo. A nicotina aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca, danifica os vasos sanguíneos e promove a formação de coágulos sanguíneos. Esses efeitos combinados podem resultar em obstruções das artérias e eventos cardiovasculares graves.
CONSCIENTIZAÇÃO
O Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, tem como objetivo alertar a população sobre os males à saúde do tabagista e promover a conscientização sobre os benefícios em largar o hábito de fumar.
Deixar o vício não é uma tarefa fácil, mas uma batalha que vale a pena ser travada por vários motivos, sendo o principal a saúde do fumante e de todos os que estão a sua volta.
“Nunca é tarde para deixar o vício. Os resultados positivos no corpo são imediatos mesmo em tabagistas de longa data. Ao parar de fumar, o corpo começa a se recuperar gradativamente. A função pulmonar melhora, diminuindo a progressão de danos aos pulmões e o risco de desenvolver doenças respiratórias reduz significativamente. Além disso, a pele melhora sua aparência, os sentidos se aguçam e o risco de desenvolver um câncer diminui significativamente”, conclui.