Por William Argolo Saliba (*)
A supremacia da ciência sobre outras formas de conhecimento, como a filosofia, é questionada em estudo recente de Samuel Ugochukwu Obasi e Christian Sunday Agama. O artigo defende que a filosofia continua a ser fundamental para equilibrar os excessos do cientificismo, um conceito que eleva a ciência a uma posição de superioridade injustificada sobre outras disciplinas.
O estudo, publicado no “International Journal of History and Philosophical Research”, discute as limitações do cientificismo, que afirma que a ciência é a única fonte legítima de conhecimento. Os autores argumentam que essa visão ignora aspectos importantes da existência humana que a ciência não consegue explicar, como questões metafísicas e morais. Utilizando uma análise crítica e expositiva, Obasi e Agama destacam como a filosofia pode complementar a ciência ao oferecer uma perspectiva mais ampla e profunda sobre a realidade.
A metodologia do estudo baseia-se na análise crítica de textos filosóficos e científicos, buscando identificar falácias nos argumentos a favor do cientificismo. Os resultados sugerem que a ciência, embora poderosa em seu domínio, não é infalível e frequentemente falha em resolver problemas complexos que transcendem o mundo físico. Exemplos de tais falhas incluem a incapacidade de lidar com dilemas morais e a produção de tecnologias que, embora avançadas, podem ser prejudiciais à humanidade.
Os autores citam pensadores como Carl Sagan, que reconhecem a interconexão entre ciência e outras áreas do conhecimento humano, destacando a importância de uma abordagem mais holística. A filosofia, ao contrário do que o cientificismo sugere, não é obsoleta, mas continua a desempenhar um papel importante na orientação ética e na compreensão de questões que a ciência por si só não pode resolver.
O estudo reafirma a importância da filosofia como um guia essencial para a ciência, especialmente em tempos de rápida inovação tecnológica. A filosofia não só ajuda a moderar os excessos da ciência, mas também explora dimensões da realidade que permanecem fora do alcance empírico. Essa colaboração entre ciência e filosofia é vital para garantir que o progresso científico beneficie verdadeiramente a humanidade, em vez de ameaçar seu bem-estar e valores morais.
Referência:
OBASI, Samuel Ugochukwu; AGAMA, Christian Sunday. Philosophy: The Lynchpin of Scientism. International Journal of History and Philosophical Research, v. 11, n. 2, p. 17-27, 2023. Disponível em: https://www.eajournals.org/. Acesso em: 31 maio 2023.
(*) William Argolo Saliba é Mestre em Química Orgânica, autor de livros científicos e terapeuta holístico