Por Walter Biancardini (*)
Em reportagem feita pelo jornalista Glenn Greenwald, o jornal paulista Folha de São Paulo publicou há pouco matéria exclusiva para assinantes, onde divulga que o Ministro do STF teria usado o TSE com propósitos de encontrar “alguma acusação contra Jair Bolsonaro”.
Na matéria, a Folha diz que “diálogos aos quais a reportagem teve acesso mostram como o setor de combate à desinformação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido à época por Moraes, foi usado como um braço investigativo do gabinete do ministro no Supremo”, por ocasião do processo das Fake News, durante e após as eleições de 2022.
E continua: “As mensagens revelam um fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais, tendo o órgão de combate à desinformação do TSE sido utilizado para investigar e abastecer um inquérito de outro tribunal, o STF, em assuntos relacionados ou não com a eleição daquele ano.” Para irmos direto ao ponto, seria o equivalente a dizer “arranjem qualquer coisa que eu o acusarei”.
TRANSCREVENDO ALGUNS MOMENTOS
Na reportagem, a Folha revela que teve acesso a mais de 6 gigabites de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes, entre eles o seu principal assessor no STF, que ocupa até hoje o posto de juiz instrutor (espécie de auxiliar de Moraes no gabinete), e outros integrantes da sua equipe no TSE e no Supremo.
Nestas mensagens, a Folha informa que “em alguns momentos das conversas, assessores relataram irritação de Moraes com a demora no atendimento às suas ordens. ‘Vocês querem que eu faça o laudo?’, consta em uma das reproduções de falas do ministro. ‘Ele cismou. Quando ele cisma, é uma tragédia’, comentou um dos assessores. ‘Ele tá bravo agora’, disse outro.
O maior volume de mensagens com pedidos informais –todas no WhatsApp– envolveu o juiz instrutor Airton Vieira, assessor mais próximo de Moraes no STF, e Eduardo Tagliaferro, um perito criminal que à época chefiava a AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE.”
As mensagens mostram que Airton Vieira (STF) pedia informalmente via WhatsApp ao funcionário do TSE relatórios específicos contra aliados de Bolsonaro. Esses documentos eram enviados da Justiça Eleitoral para o inquérito das fake news, no STF.
E a reportagem continua: “Procurados por meio da assessoria do STF e informados sobre o teor da reportagem, Moraes e o juiz Airton Vieira não responderam. Tagliaferro afirmou que não se manifestará, mas que ‘cumpria todas as ordens que me eram dadas e não me recordo de ter cometido qualquer ilegalidade’. As mensagens abrangem o período de agosto de 2022, já durante a campanha eleitoral, e maio de 2023.”, diz a Folha de São Paulo.
E COMO FICAMOS?
É evidente que a situação do Ministro Alexandre de Moraes chegou ao ápice, e alguns políticos já começam a se articular em busca de protocolar pedidos de impeachment – prevaricação – e a repercussão está se dando, neste exato momento, como um rastilho de pólvora que certamente explodirá no colo de Rodrigo Pacheco, se o mesmo nada fizer.
Para piorar, relembramos que a Folha de São Paulo detém 6 gigas de informações – ou seja, material suficiente para anos de matérias diárias e acusatórias contra Moraes.
Levando em conta que a própria grande mídia está divulgando tais fatos, é possível considerarmos que os dias de Alexandre de Moraes no STF estejam chegando ao fim.
Amanhã prosseguiremos com novas informações, que certamente surgirão, bem como artigos mais detalhados na seção “Opinião” da sua Carta de Notícias.
(*) Walter Biancardine é jornalista, analista político e escritor. Foi aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho, autor de três livros e trabalhou em jornais, revistas, rádios e canais de televisão na Região dos Lagos, Rio de Janeiro