Por Walter Biancardine (*)
Moro na cidade de Cabo Frio, Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Hoje, dia 13 de novembro, é aniversário de fundação da cidade e, portanto, feriado. Do mesmo modo, depois de amanhã será o dia 15, quando comemora-se a proclamação desta infeliz república – mais um dia de ócio.
No município do Rio de Janeiro teremos, igualmente, o feriado nacional de 15 de novembro, bem como o ridículo Dia do Zumbi dos Palmares, dia 20 do mesmo mês e que é válido para todo o Estado do Rio.
Para completar, desnecessário dizer qualquer coisa sobre a pútrida reunião do G20, marcada para os dias 18 e 19 de novembro – mais dois dias nos quais ninguém trabalhará.
Excluindo o feriado local de minha cidade teremos, no Estado do Rio, os dias 15, 18, 19 e 20 como feriados, onde milhões de reais deixarão de ser movimentados bem como decisões importantes ficarão para as calendas, no aguardo que todos voltem a cumprir suas obrigações.
Diante de tal quadro de irresponsabilidade genética do brasileiro – sim, pois todos comemoram e estão satisfeitíssimos com os dias de folga – não é de se espantar que a PEC da vagabundagem, que reduz a escala de trabalho para apenas 3 dias por semana, contra 4 de ócio, esteja tramitando alegremente no Congresso.
A torpe deputada Erica Hilton, do PSOL (não poderia ser outro, o partido) em boa hora lançou tal proposta, que toca fundo nos mais primitivos instintos do brasileiro médio: a eterna incapacidade de sair da adolescência e viver de mesada e férias. Para completar, tal proposta indecente ainda tem o condão de prestar-se como cortina de fumaça para ocupar os noticiários e esconder a cada vez mais grave situação de Ministros do STF diante da nova administração Trump, nos EUA.
A verdade é que o brasileiro médio não gosta de trabalhar. Enxerga o ato de sair de casa para buscar seu sustento como uma humilhação obrigatória, pois ninguém neste país jamais foi orientado no sentido de sustentar-se através de suas vocações – e digo “vocações” para deixar perfeitamente clara a diferença entre uma vocação e um gosto. Eu, por exemplo, tive os anos mais felizes de minha vida pilotando aviões, era o meu gosto. Mas minha vocação – aquilo que me impede de ficar parado diante dos fatos cotidianos – é a escrita, o jornalismo e as eternas derivações filosóficas. E isso o cidadão tupiniquim jamais aprendeu.
Comemora-se por todo o Brasil os feriados; vibramos quando o mesmo cai numa quinta feira e podemos “enforcar” a sexta, e sou capaz de apostar que as estradas estarão lotadas de felizes vagabundos e irresponsáveis nestes dias de novembro.
Cada dia de folga é menos um real no bolso. Cada momento de ócio o trabalhador demonstra que não é essencial para seu patrão.
Mas insistimos em festejar o ócio, certamente comemorando a PEC da infâmia, que tem grandes chances de ser aprovada.
Não há como crer no futuro de um país cujo povo é assim.