Por Walter Biancardine (*)
Transitar da infância à idade adulta é percorrer uma estrada cheia de obstáculos e, por vezes, sermos obrigados a ver paisagens que não gostaríamos, as quais reiteradamente chamamos de “amadurecimento”, “desilusões” ou “decepções”, a depender do estado de espírito do dia.
Tal como um dia descobrimos sermos mortais e com prazo definido por sobre a terra, a mesma sensação acachapante nos acomete quando percebemos – em saudosas recordações dos bons e velhos tempos – que os mesmos talvez não fossem tão bons assim: apenas éramos abençoados pela santa e tranquilizadora ignorância de nossas condições, à época.
Ao “folhearmos” rotineiramente as páginas de nossos sites e redes sociais preferidas, somos despidos da tal e santa ignorância ao lermos, por exemplo, que a Comissão Europeia pedirá às operadoras continentais que bloqueiem a rede social X (Twitter), ou irá impor o total desmantelamento da plataforma na Europa – uma clara retaliação contra a liberdade de expressão defendida por Elon Musk, dono do X – e nos damos conta que os avanços daquele que “Não Se Pode Dizer o Nome”, no Brasil, são apenas parte de uma estratégia global de silenciamento das vozes do povo.
Este mesmo Elon Musk está comprando briga com o governo do Reino Unido, dizendo que eles são um “estado policial” após a prisão de pessoas por “crime de opinião”, conforme determinam as últimas resoluções do governo daquele país. E o paralelo com a ‘Terra Brasilis’ é inevitável.
Quando os líderes do mundo se unem para impedir a liberdade de expressão – taxada como “desinformação” ou “discurso de ódio” – o plano globalista torna-se claro. Já experimentamos isso de forma clara – balão de ensaio desta ação de engenharia social – durante a “Zica Amarela” onde, de forma inédita e absurda, pessoas eram presas ou processadas por discordar das orientações, tendenciosas e sem comprovação científica válida, emitidas por aquela instituição a qual também não se pode dizer o nome (o algoritmo censura) e que, teoricamente, é de grande valia aos hipocondríacos espalhados pelo planeta.
Assim, hoje vivemos dias de sobressaltos e revelações diárias de barbaridades absurdas, sempre emitidas nas redes sociais em contraponto ao silêncio – ou mentiras – da grande mídia, que um dia foi a fonte usual de informação dos cidadãos. E este é o ponto central do tema deste artigo, a constatação que, até então, éramos cegos e conduzidos como gado – apenas não tínhamos meios de saber disso.
Houvessem redes sociais, internet e celulares, o que teríamos pensado sobre os sequestros e atentados, cometidos pelos guerrilheiros esquerdistas, durante o regime militar brasileiro? Entenderíamos de modo diferente a morte de Tancredo Neves, às vésperas de sua posse como Presidente da República? O que teríamos dito da volta dos exilados políticos em 1979? E das inúmeras e absurdas propostas, que foram diariamente veiculadas pelos jornais, para a nova Constituição de 1988? A estratégia gramscista teria obtido o mesmo e avassalador sucesso, se contássemos com um simples celular nas mãos? Seria o Brasil, hoje, um país diferente?
Perguntas assim podem e devem ser feitas pelos habitantes de todos os países latinos, europeus, americanos e mesmo alguns asiáticos e árabes, e isso nos conduz diretamente ao verdadeiro tiro no pé que foi a criação da internet, das redes sociais e da mais letal arma já empregada em favor da informação e contra os “donos da verdade” na grande mídia: o singelo e eficaz telefone celular.
Os tempos de outrora eram, de fato, muito melhores se vistos sob a ótica da maior inocência popular, do comedimento prudente de aspirantes ao poder e da ausência da massacrante guerra aberta aos valores e princípios de nossa sociedade, impostos pela agenda (globalista) lacradora, com o auxílio da mídia mainstream.
Ainda assim, éramos gado. Mas não devemos nos envergonhar se, porventura, um dia participamos de movimentos como o “Diretas Já” (organizado claramente pela esquerda) ou o “Fora Collor” (por um Fiat Elba; a mesma Rede Globo que lá o colocou, também o removeu) e tantos outros, pois não há dolo no que é involuntário.
O que nos cabe agora é a resistência feroz, inegociável, às tentativas de quaisquer governos – de quaisquer países – de silenciar redes sociais e controlá-las, sob o motivo que for.
Não há “discurso de ódio”, não há pandemia, não há “ameaça ao estado democrático de direito” que supere nossa inalienável e divina liberdade, condição dada por Deus e inerente à vida do homem, neste combalido planeta.
(*) Walter Biancardine é jornalista, analista político e escritor. Foi aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho, autor de três livros e trabalhou em jornais, revistas, rádios e canais de televisão na Região dos Lagos, Rio de Janeiro