Por Walter Biancardine (*)
Sim, todos somos patriotas, tementes a Deus, cuidamos de nossas famílias e pregamos bons costumes, valores e princípios até nos deixarmos embasbacar pela mídia – pouco importando ser ela televisiva, radiofônica, impressa ou digital – e votarmos em notórios estelionatários eleitorais, ladrões indesculpáveis ou esquerdistas contumazes.
No caso específico da cidade de São Paulo temos um trio, a disputar a preferência dos eleitores segundo os mais mentirosos índices – as pesquisas de opinião – colocando juntos e nas graças populares nomes como Pablo Marçal, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos. Este último, notório invasor de terras e abortista, concorre com o declaradamente esquerdista Nunes e o hipnótico coach, Marçal. Enquanto Nunes e Boulos merecem o descarte por seu esquerdismo público, Pablo – o flautista de Hamelin – nada diz de suas cores ideológicas, apenas enfeitiça a massa boquiaberta e ansiosa por novos ídolos. Nada de melhor mereceria a maior cidade da América do Sul?
Merece e tem, chamando-se Marina Helena – mas o patrão da opinião pública, os institutos de pesquisa, a colocou nos últimos lugares e brasileiros não votam em quem (aparentemente) não tem chance.
O mesmo se repete em diversos municípios do Brasil, tais como o Rio de Janeiro – inacreditavelmente em dúvida, segundo os patrões (institutos de pesquisa), entre Eduardo Paes e Ramagem, o candidato de Bolsonaro.
Nenhum analista político prudente arrisca palpites quanto aos resultados do pleito, mas os mesmos – livre arbítrio das urnas à parte – refletirá exatamente o título destas mal-traçadas: todos somos inocentes de governos péssimos até a véspera do dia em que votamos neles; deste momento em diante tornamo-nos cúmplices, e nenhuns direitos a reclamações posteriores poderemos reivindicar.
Admitamos: raros são os casos em que fomos, de fato, enganados. Temos alguns exemplos como João Dória em São Paulo e mesmo Witzel, no Rio de Janeiro – mas são exceções. Na maior parte das vezes votamos enxergando os cascos fendidos por baixo da batina, nos recusamos a acreditar – entorpecidos pela mídia que estamos – votamos em tais fraudes e depois, quando tais víboras retiram seus disfarces, reclamamos posando de inocentes.
Hojé é sexta-feira, antevéspera de eleições e não cabem aqui artigos laudatórios, ou maiores considerações diante daqueles que já se deixaram embebedar por marqueteiros e propagandas miraculosas. Igualmente pouco ou nenhum efeito minha opinião obterá diante dos céticos – ostentando sua superioridade por trás do grato adjetivo de “pragmáticos” – mas que, diante do niilismo que em suas cabeças impera, terminarão inevitavelmente votando no pior.
Estas linhas se dirigem aos que admitem suas dúvidas, aceitam sugestões e confessam-se em dilema, diante de tanta pressão das propagandas e redes sociais.
A estes, deixo como último conselho o título: todo mundo é inocente até a véspera.
E institutos de pesquisas não deveriam mandar em ninguém.
Que o Brasil tenha um domingo abençoado.