Por William Saliba
A narrativa veiculada por setores da imprensa ao associar as explosões ocorridas na noite de ontem (13), na Praça dos Três Poderes, em Brasília, a um suposto “atentado político de bolsonaristas” contribui pouco para a pacificação tão necessária ao país. O momento exige cautela e responsabilidade ao abordar os fatos.
É fundamental esclarecer que Francisco Wanderley Luiz, conhecido como “Tio Fran”, vítima e, ao que tudo indica, autor das explosões, enfrentava sérios problemas de saúde mental, incluindo depressão agravada por uma separação recente. De acordo com declarações de seu filho, Francisco cogitava mudar-se para o Chile, o que reforça seu estado de instabilidade emocional.
Em postagens feitas antes do ocorrido, Francisco manifestou descontentamento com a polarização política no Brasil, defendendo em suas redes sociais, que tanto Lula quanto Bolsonaro deveriam se afastar da vida pública. Embora tenha se filiado ao PL em 2020, é importante destacar que o partido possuía, à época, uma posição diferente da que assumiu um ano depois, após a filiação de Jair Bolsonaro.
Diante da gravidade do episódio, é imprescindível que os fatos sejam apurados por meio de uma investigação imparcial e profunda.
No entanto, antes mesmo da conclusão dessas apurações, surgem movimentos precipitados no âmbito da Suprema Corte brasileira que sugerem o avanço de pautas sensíveis, como a inviabilidade da retomada da discussão sobre o Projeto de Lei da Anistia para os presos de 8 de janeiro e a necessidade de alterações no Marco Civil da Internet, impondo maior responsabilidade às plataformas digitais no combate à desinformação.
A adoção de medidas sem qualquer cautela pode comprometer ainda mais o delicado equilíbrio democrático do país. O Brasil é reconhecidamente uma nação pacífica, que repudia a violência e anseia por segurança jurídica, pelo fortalecimento do Estado de Direito e pela garantia das liberdades constitucionais.
Em momentos de tensão, é imprescindível que líderes políticos, imprensa e sociedade civil adotem o diálogo como ferramenta central para evitar o agravamento de conflitos. A pacificação não é apenas uma meta, mas uma condição essencial para o progresso e a harmonia nacional.
Como bem ensina o ditado popular, “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.