Um em cada quatro jovens brasileiros entre 25 e 34 anos não trabalha nem estuda, segundo dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo Education at a Glance 2024 revela que 24% dos jovens nessa faixa etária no Brasil estão na condição conhecida como “nem-nem”, superando significativamente a média de 13,8% dos países da OCDE.
Apesar de ter apresentado uma queda em relação a 2016, quando a taxa era de 29,4%, o número ainda é considerado alto por especialistas. A situação é preocupante diante do envelhecimento populacional e do fim gradual do bônus demográfico no país, fatores que tornam crucial o aumento da produtividade dos trabalhadores para compensar os crescentes gastos sociais com idosos.
Entre os motivos apontados pelos jovens para abandonar os estudos, 40,2% citam a necessidade de trabalhar, mesmo nem sempre conseguindo emprego. Gravidez (22,4%) e tarefas domésticas (10,3%) também aparecem como causas, principalmente entre as mulheres.
Para reduzir a quantidade de jovens “nem-nem”, especialistas sugerem melhorias na qualidade do ensino básico e na educação técnica e profissionalizante de nível médio. O Brasil está entre os últimos colocados no Pisa, principal avaliação internacional da educação. A reforma do ensino médio de 2017 buscou flexibilizar o currículo, abrindo mais espaço para conteúdos técnicos.
O estudo também revela uma desigualdade de empregabilidade entre gêneros. Embora as mulheres tenham melhores resultados educacionais, têm menor probabilidade de estarem empregadas. No Brasil, 44% das mulheres jovens com escolaridade abaixo do ensino médio completo estão empregadas, contra 80% dos homens na mesma situação.
A qualificação superior não elimina a diferença salarial entre homens e mulheres. Na OCDE, mulheres jovens com nível superior ganham em média 83% do salário de colegas homens. No Brasil, essa proporção é de 75%.
O relatório também aponta diferenças na distribuição dos alunos entre instituições de ensino superior públicas e privadas. Enquanto nos países da OCDE 63% dos estudantes se formam em instituições públicas, no Brasil 81% se graduam em instituições privadas, um aumento em relação aos 77% registrados em 2013.
Outro ponto de destaque é a baixa participação internacional de estudantes brasileiros. Enquanto nos países da OCDE 6% dos estudantes de ensino superior são de mobilidade internacional, no Brasil esse número permanece próximo a zero desde 2013, apesar de alguns programas de mobilidade em grandes universidades.