No primeiro ano do mandato do presidente Lula (PT), os investimentos em publicidade da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) e dos ministérios nos canais de TV do Grupo Globo e suas afiliadas cresceram 60%. O montante subiu de R$ 89 milhões em 2022, último ano da gestão de Jair Bolsonaro, para R$ 142 milhões. Esses valores foram ajustados considerando a inflação e são baseados em informações compiladas pelo Poder360 a partir do Planejamento de Mídia do Sicom, que consolida os gastos publicitários do governo federal desde 2019.
A emissora fluminense foi a única das grandes redes que cresceu. Record, SBT,Bandeirantes, Rede TV! e afiliadas receberam metade ou menos dos pagamentos que haviam recebido em 2022. A CNN Brasil teve discreto aumento de R$ 1,4 milhão para 1,5 milhão.
A Secom diz que a base de dados está “em constante atualização” e pode ter dados parciais que podem criar “distorções e interpretações equivocadas”. Questionada pela reportagem, não indicou, no entanto, nenhuma interpretação que considere equivocada nas comparações.
A secretaria disse que usa “critérios técnicos” elaborados por agências contratadas para definir a destinação dos recursos e que não comenta a comparação de investimentos com o governo anterior.
PRIVILÉGIO PARA TELEVISÃO
Apesar do aumento de verbas para a Rede Globo, o investimento total em publicidade no primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diminuiu quando comparado ao último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Os gastos totais com publicidade foram reduzidos de R$ 633 milhões em 2022 para R$ 451 milhões em 2023.
Com a diminuição dos gastos em divulgação, também ocorreu uma alteração nas prioridades entre os diferentes meios de comunicação. Dos R$ 257 milhões investidos em televisão em 2023, este valor representa 56% do total de publicidade governamental do ano. Em contraste, em 2022, essa porcentagem era de 49,5%. Concluindo, o governo Lula privilegia a televisão, um meio que recebe significativamente mais recursos de publicidade do que os outros.
A priorização do governo com a televisão não aparece só nesse aspecto. Das 26 entrevistas exclusivas concedidas de 1º de janeiro de 2023 a 26 de janeiro de 2024, 12 foram para canais televisivos.
O Grupo Globo e a CNN (Brasil e Internacional) foram os únicos meios de comunicação com quem o presidente falou com exclusividade em mais de uma ocasião.
Enquanto Lula aumentou os repasses de publicidade para as TVs, a internet foi preterida. Foram R$ 65 milhões para esse meio, ou 14,2% do total. Em 2022, a internet teve 17,5% dos gastos.