A venda da mineradora Taboca para uma estatal chinesa por R$ 2 bilhões coloca o Brasil no centro de uma disputa tecnológica entre China e Estados Unidos. A empresa, maior produtora de estanho refinado do país, localizada na Amazônia, foi adquirida pela China Nonferrous Metal Mining (CNMC).
A transação ganha relevância estratégica por envolver a extração de minerais essenciais para a fabricação de semicondutores e componentes de alta tecnologia. O estanho, principal produto da mineradora, é fundamental para a indústria eletrônica, além do nióbio e tântalo, utilizados em satélites e foguetes.
A aquisição reflete a crescente presença chinesa na América Latina em busca de recursos estratégicos, especialmente após as restrições impostas pelos Estados Unidos ao setor de tecnologia chinês. Especialistas alertam que o Brasil pode se tornar um mero tabuleiro na guerra tecnológica entre as duas potências.
Os EUA demonstram preocupação com a movimentação chinesa na região. Em outubro, o presidente Joe Biden proibiu investimentos americanos em empresas chinesas dos setores de semicondutores, inteligência artificial e computação quântica, intensificando a disputa tecnológica entre as nações.
Analistas defendem que o Brasil precisa desenvolver uma estratégia mais clara para seus recursos minerais estratégicos. “É necessário evitar a dependência da China em minerais raros, apesar de possuirmos grandes reservas”, alerta Cezar Roedel, especialista em relações internacionais.
O governo Lula tem fortalecido laços com a China através dos Brics, gerando debates sobre o posicionamento brasileiro no cenário internacional. Embora a venda da Taboca não represente ameaça imediata à segurança nacional, especialistas recomendam cautela nas negociações envolvendo setores estratégicos para evitar comprometer a soberania do país.
(Com informações da Gazeta do Povo)