O Exército do Líbano entrou oficialmente no conflito com Israel nesta quinta-feira (3), marcando uma escalada significativa nas tensões na região. A ação ocorreu em resposta a um ataque israelense que resultou na morte de um soldado libanês na área de Bint Jbeil, no sul do país.
Até então, os confrontos na fronteira entre Líbano e Israel envolviam principalmente o grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã. A entrada direta das forças armadas libanesas no conflito representa uma mudança dramática no cenário, potencialmente expandindo o escopo e a intensidade das hostilidades.
Segundo um comunicado oficial do Exército libanês, “Um soldado morreu depois que o inimigo israelense atacou um posto militar na área de Bint Jbeil, no sul, e os militares responderam com disparos”. Esta declaração confirma não apenas a morte do soldado, mas também a resposta armada das forças libanesas.
A situação é particularmente delicada considerando o estado atual das forças armadas libanesas. Após anos de crise econômica e instabilidade política, o exército do Líbano enfrenta severas limitações em termos de equipamentos, financiamento e pessoal. Especialistas apontam que essas deficiências tornam as forças libanesas significativamente menos capazes de enfrentar o poderio militar israelense em um confronto direto.
O governo de Israel, que vinha conduzindo operações no território libanês desde 20 de setembro, afirmava até então que seus ataques tinham como alvo exclusivamente as estruturas do Hezbollah, não o Estado libanês. Este incidente, no entanto, parece contradizer essa narrativa, levantando questões sobre os objetivos reais e o alcance das operações israelenses.
O episódio ocorre em um contexto de crescente violência na região. Desde o início das operações israelenses no Líbano, o Ministério da Saúde libanês reporta um número alarmante de 1.974 mortos, incluindo 127 crianças, e mais de 6.000 feridos. Esses números já superam o total de vítimas da guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah.
A comunidade internacional observa com preocupação o desenrolar dos eventos, temendo uma possível expansão do conflito para além das fronteiras atuais. A entrada direta do Exército libanês na disputa adiciona uma nova camada de complexidade a uma situação já volátil, aumentando os riscos de uma conflagração regional mais ampla.
Enquanto isso, os civis continuam a sofrer o impacto mais severo do conflito. Nesta mesma quinta-feira, novos bombardeios atingiram o centro de Beirute, resultando em nove mortes e 14 feridos, evidenciando o custo humano crescente desta escalada de violência.