O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou o adiantamento do Natal no país para 1º de outubro, em meio a uma crescente crise política após as contestadas eleições presidenciais de julho. O anúncio foi feito durante seu programa de auditório semanal, transmitido na noite desta segunda-feira (2).
“Está chegando setembro e se diz: ‘setembro já cheira a Natal'”, declarou Maduro à plateia. “Por isso, este ano, em homenagem a vocês, vou decretar o adiantamento do Natal para 1º de outubro. Começa o Natal em 1º de outubro para todos e todas. Chegou o Natal com paz, felicidade e segurança.”
A medida surge em um momento de intensa pressão internacional e protestos internos questionando a legitimidade da reeleição de Maduro. Críticos argumentam que a antecipação do Natal é uma tentativa de desviar a atenção das controvérsias eleitorais e da perseguição a opositores.
Não é a primeira vez que o governo venezuelano recorre a essa estratégia. Em 2020, o Natal foi adiantado para 15 de outubro, em meio à pandemia de COVID-19. Em 2013, logo após a morte de Hugo Chávez, Maduro decretou o início das comemorações natalinas em 1º de novembro.
Paralelamente ao anúncio do Natal antecipado, a situação política no país continua tensa. A Justiça venezuelana, considerada alinhada ao governo, emitiu um mandado de prisão contra o candidato opositor Edmundo González, que reivindica a vitória nas eleições de julho.
González é acusado de crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos e incitação de atividades ilegais. A oposição, liderada por María Corina Machado, contesta essas acusações e afirma ter provas da vitória de González baseadas em atas das urnas.
“Maduro perdeu completamente o contato com a realidade”, declarou Machado em resposta ao mandado de prisão. “O mandado emitido pelo regime para ameaçar o presidente eleito Edmundo González ultrapassa uma nova linha que apenas fortalece a determinação do nosso movimento.”
A comunidade internacional acompanha de perto os desdobramentos na Venezuela. Diversos países e organizações expressaram preocupação com a situação democrática no país e pedem transparência no processo eleitoral.
Enquanto isso, a população venezuelana enfrenta uma grave crise econômica e social, com inflação galopante e escassez de produtos básicos. O adiantamento do Natal, embora apresentado como uma medida festiva, é visto por muitos como uma tentativa de mascarar os problemas reais do país.
Analistas políticos ressaltam que a antecipação das festividades natalinas pode ter pouco efeito prático na resolução dos problemas fundamentais da Venezuela. A crise política, econômica e social demanda soluções mais profundas e estruturais.
A medida de Maduro também levanta questões sobre a separação entre Estado e religião, considerando que o Natal é uma festividade cristã. Críticos argumentam que o governo não deveria interferir em datas religiosas por motivos políticos.
À medida que o 1º de outubro se aproxima, resta saber como a população venezuelana irá receber essa antecipação do Natal e se a medida terá o efeito desejado pelo governo de Maduro em meio à turbulência política atual.