Uma série de explosões de pagers matou 9 pessoas e feriu 2.750 no Líbano nesta terça-feira (17). Os dispositivos, utilizados por membros do grupo extremista Hezbollah, detonaram em sequência ao longo de pouco mais de uma hora, causando pânico e destruição em diversas localidades do país.
O governo libanês e o Hezbollah acusaram Israel de estar por trás do ataque, embora o país ainda não tenha se manifestado oficialmente sobre o incidente. Segundo a agência de notícias Al Jazeera, as explosões foram provocadas por explosivos implantados previamente nos equipamentos, indicando uma operação sofisticada e bem planejada.
Os pagers, populares nas décadas de 1980 e 1990, voltaram a ser utilizados pelo Hezbollah como alternativa aos smartphones, numa tentativa de evitar o rastreamento por parte de Israel. A decisão de adotar essa tecnologia antiga partiu do líder do grupo, Hassan Nasrallah, que temia a capacidade israelense de se infiltrar em dispositivos mais modernos.
Entre as vítimas fatais estão uma menina e dois integrantes do Hezbollah. Câmeras de segurança capturaram o momento de algumas explosões, incluindo cenas chocantes em um supermercado em Beirute, onde um homem teve seu pager detonado enquanto pagava suas compras no caixa.
A Cruz Vermelha Libanesa mobilizou mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas para atender às vítimas. O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, está entre os feridos, embora seu estado não seja considerado grave.
O incidente representa uma grave falha de segurança para o Hezbollah, levantando questões sobre a vulnerabilidade do grupo e a eficácia de suas medidas de proteção. Ramy Khoury, da Universidade Americana de Beirute, classificou o evento como “o mais perigoso” para o Hezbollah nos últimos anos, destacando a surpreendente capacidade de infiltração demonstrada nessa operação.
Em resposta ao ataque, o governo libanês instruiu todos os cidadãos que possuem pagers a descartarem imediatamente seus dispositivos. O Hamas, aliado do Hezbollah, condenou as explosões, atribuindo-as a Israel e classificando o incidente como “uma escalada” no conflito.
O ataque ocorre em um momento de crescente tensão na região, com confrontos frequentes entre Israel e o Hezbollah desde o início da guerra em Gaza, em outubro do ano passado. A situação se agravou ainda mais após a recente morte de lideranças do Hamas e do Hezbollah em Beirute, levando a promessas de retaliação contra Israel.