Ryan Wesley Routh, o homem de 58 anos suspeito de tentar assassinar Donald Trump no último domingo (15), tinha uma vida marcada por contrastes. Nas redes sociais, ele se apresentava como um combatente da liberdade disposto a morrer por suas causas. Na realidade, era um empresário do ramo de construção no Havaí com um histórico problemático.
Routh passou meses na Ucrânia em 2022, alegando trabalhar para trazer combatentes estrangeiros do Afeganistão. No Twitter, oferecia conselhos militares ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e implorava a Joe Biden para enviar armas ao país. Contudo, suas ações pareciam mais delírios do que realidade.
Segundo oficiais ucranianos, Routh nunca fez parte da Legião Estrangeira e suas propostas eram consideradas irrealistas. Michael Wasiura, jornalista que o entrevistou na Ucrânia, descreveu-o como “maníaco” e “extremamente devoto” à causa ucraniana.
Antes de sua incursão na Ucrânia, Routh tinha um histórico de problemas com a lei nos EUA. Em 2002, foi preso após se barricar com uma metralhadora em um estabelecimento na Carolina do Norte. Nos anos seguintes, enfrentou acusações de emissão de cheques sem fundos e posse de bens roubados.
No Havaí, onde vivia recentemente, Routh administrava uma pequena empresa de construção de casas minúsculas. Chegou a ser destaque na imprensa local por seus esforços para abrigar a população sem-teto. Também considerou se candidatar a prefeito de Honolulu este ano, criando um site de campanha improvisado.
O contraste entre suas ambições e realizações era evidente. Enquanto se retratava online como figura influente, capaz de mobilizar milhares de combatentes, na prática suas ações tinham pouco impacto. Pessoas que o conheceram descreveram Routh como idealista, mas fora da realidade.
A tentativa de assassinato de Trump no último domingo parece ser o ápice dessa trajetória conturbada. Routh foi detido após supostamente esperar o ex-presidente com um rifle de assalto próximo a seu campo de golfe na Flórida. O incidente chocou até mesmo aqueles que o viam como uma pessoa não-violenta.
O caso de Routh levanta questões sobre o impacto das redes sociais na percepção da realidade e o perigo de delírios de grandeza se transformarem em ações violentas. Também evidencia falhas nos sistemas de segurança em torno de figuras políticas proeminentes como Trump.
As investigações sobre o incidente prosseguem, enquanto autoridades buscam entender as motivações por trás dessa aparente tentativa de assassinato. O caso serve de alerta sobre a necessidade de maior atenção à saúde mental e ao extremismo político nos Estados Unidos.