Por Edmundo Polk Fraga (*)
Infelizmente está longe de apagar da memória dos brasileiros, a famosa “Lei de Gérson” que impera até os dias atuais, onde o ‘certo’ é levar vantagem em tudo que se possa imaginar.
E esta vantagem está relacionada ao jeitinho brasileiro de criar tentativa de se resolver os problemas ou as situações difíceis através de métodos incorretos (driblando as regras e até mesmo as leis). Entendendo ser correto qualquer tentativa de enganar as pessoas em benefício próprio.
A começar pela União, que mesmo cobrando uma das maiores carga tributária do mundo (34% do PIB), não devolve serviços públicos e investimentos compatíveis com todo o dinheiro que arrecada, especialmente pelo tamanho excessivo da máquina estatal, baixa produtividade, desperdício e corrupção em todos os níveis.
Em um país onde a corrupção e a fraude são endêmicas, sob as várias formas que assumem, pode-se constatar que o sistema estatal e o funcionamento do governo em todos os níveis são estruturados pelo resultado da corrupção e das fraudes.
Combater a corrupção e as fraudes não é apenas uma questão de justiça legal e moral, mas uma condição sem a qual nenhum país consegue sair da pobreza e do atraso.
Como exemplo surge a principal facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) que avança no país e já está presente em 22 dos 27 estados. Sua organização já contabiliza mais de 8 mil membros, controlando 90% dos presídios e favelas do país.
Com a permissão do Estado, o PCC avança sobre o meio político partidário, que além de consolidar como a principal vertente criminosa e muito próxima de se tornar importante player no setor econômico ao expandir suas representações para os tribunais, prefeituras e câmaras de todas as cidades de seu interesse. Candidatos propensos a ocuparem as vagas de sócios é que não faltam!
Na década de 70 o bandido Lúcio Flávio, altamente articulado e considerado o mais alto QI da marginalidade carioca, cansado de dividir o lucro dos seus furtos com a polícia do Rio de Janeiro, ao romper o acordo, eternizou com a seguinte frase: ‘’BANDIDO É BANDIDO, POLÍCIA É POLÍCIA’’.
Hoje cinquenta anos depois, podemos dizer que a coisa está ainda mais grave, pois, o judiciário, o meio político e a marginalidade, além de cumplices, andam de mãos dadas. Ou seja, os valores e a função social já não existem mais.
E aí meu Brasil, até quando?
(*) Empresário e ex-presidente do Kart Clube de Ipatinga