Por Edmundo Polck Fraga (*)
Na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a torcida japonesa deu uma verdadeira lição de cidadania. Após apoiar sua seleção até o último segundo, mesmo depois da derrota por 4 a 1 para a Colômbia, os torcedores surpreenderam o mundo ao demonstrar um senso de responsabilidade exemplar. Armados com sacos plásticos, eles circularam pelas arquibancadas, recolhendo todo o lixo deixado para trás.
Esse comportamento de organização e limpeza é uma prática enraizada na cultura japonesa, que se inicia na infância. Nas escolas, crianças são incentivadas a participar da limpeza após as aulas, uma tradição conhecida como “souji”, que ensina a importância de limpar a própria sujeira. Essa prática não apenas promove a higiene, mas também instila um senso de propósito e de vida coletiva, elementos essenciais para o bem-estar de uma nação. Uma criança que aprende a ter um propósito desde cedo estará mais preparada para tomar decisões significativas quando confrontada com desafios na vida.
Em contraste, o Brasil enfrenta uma realidade preocupante. Observamos uma geração em busca desenfreada do acúmulo de riqueza individual, muitas vezes sem limites e a qualquer custo. Neste contexto, muitos brasileiros, incluindo líderes em diversas esferas – governantes, políticos, juízes e até estudantes – parecem perder de vista seu propósito e o sentido de viver em um país tão rico em potencial.
A atitude da torcida japonesa serve como um valioso exemplo para educadores e para a sociedade brasileira como um todo. Será que continuaremos a ser um país sem propósito e sem chances de um futuro melhor?
“Nós não podemos mudar o vento, mas ainda há tempo para ajustar a vela do barco e chegar aonde queremos.” — Parafraseando Confúcio.