Por Edmundo Fraga (*)
Aos domingos, quando visito o Parque Ipanema, sou imediatamente transportado à memória do prefeito João Lamego Neto, talvez o mais simples e humilde de todos que passaram pela Prefeitura de Ipatinga. Durante seu governo (1977-1982), ele teve a ousadia de idealizar e construir essa maravilhosa obra, que é o Parque Ipanema. Um espaço democrático, onde todos, independentemente de sua classe social, desfrutam de diversas opções de lazer, como pista de caminhada, uma belíssima lagoa, quadras poliesportivas, barzinhos aconchegantes, ambulantes, a Feirarte e a Estação Ciências.
Ao longo dos anos, vários prefeitos contribuíram para o desenvolvimento do Parque Ipanema, mas o mérito principal jamais poderá ser retirado do governo que idealizou e concretizou esse projeto magnífico, que hoje se tornou um dos maiores patrimônios e um cartão-postal da nossa cidade.
Poderia imaginar a felicidade da equipe de governo ao ver que o projeto idealizado há 42 anos transformou-se nesse ícone que tanto nos orgulha. Porém, se Lamego estivesse vivo, certamente não ficaria contente ao ver algumas situações atuais. O catavento, símbolo do parque, já não funciona mais; as quadras poliesportivas e os campos de futebol estão subutilizados, talvez por falta de manutenção. Imagino que Lamego tivesse sonhado com esse espaço sendo frequentado por crianças e atletas, participando de campeonatos de futebol, basquete, vôlei, peteca e outras modalidades esportivas.
Lamego também ficaria surpreso ao saber que o estádio, carinhosamente apelidado de “Lamegão”, foi rebatizado como “Ipatingão”. E furioso ficaria ao descobrir que o Estádio Epaminondas Mendes Brito, hoje, não passa de um enorme elefante branco — caro para os cofres públicos e inútil para a população.
Se temos um dos melhores espaços esportivos de Minas Gerais, por que não transformar esse “limão” em uma “saborosa limonada”?
Chegou o momento de transformar o Ipatingão em um equipamento multifuncional, útil e autossustentável. Enquanto o time da cidade não aparece, por que não promover um quadrangular anual com grandes times do Brasil, como Cruzeiro, Atlético, Flamengo e Corinthians? Com algumas reformas e adaptações, poderíamos também sediar shows, eventos religiosos, feiras, Vale Tudo e até criar uma arena nacional para campeonatos de vôlei, basquete e outras modalidades esportivas.
Com certeza, a cidade ganharia, e, mais importante ainda, isso geraria empregos e aumentaria a movimentação econômica na rede hoteleira, no setor de alimentação, entre ambulantes, taxistas e outros prestadores de serviços.
Para concluir, recordo-me da belíssima canção de Geraldo Vandré (ver abaixo), que nos lembra da importância de não deixarmos nossos patrimônios se perderem na indiferença. Está na hora de Ipatinga aproveitar o que tem de melhor e transformar o Ipatingão em um verdadeiro centro de geração de vida e desenvolvimento para a cidade.
Para Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
Vem, vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.