Por Ricardo Ramos
A influência da cultura woke na sociedade contemporânea tem gerado um intenso debate, especialmente quando se considera a adaptação de histórias clássicas, como a da Arca de Noé, pela Globo Filmes. Essa nova interpretação não apenas altera a narrativa original, mas também reflete uma agenda que visa transformar valores tradicionais e conservadores, particularmente aqueles enraizados na fé cristã.
A cultura woke, que emergiu como um movimento progressista focado em questões de justiça social e direitos das minorias, tem suas raízes em um desejo legítimo de combater desigualdades. No entanto, a forma como essa cultura se manifesta frequentemente resulta em polarização e censura. Críticos argumentam que a cultura woke divide a sociedade em categorias simplistas de opressores e oprimidos, ignorando nuances e complexidades das questões sociais. Essa abordagem não apenas deslegitima opiniões contrárias, mas também promove um ambiente de medo onde as pessoas hesitam em expressar suas crenças por receio de retaliações.
O filme “Arca de Noé” da Globo Filmes é um exemplo claro dessa influência. A adaptação apresenta uma narrativa que diverge significativamente do relato bíblico tradicional. Em vez de focar na obediência e na fé de Noé, o filme retrata o personagem como alguém que questiona as instruções divinas, utilizando uma linguagem considerada irreverente para o público infantil. Frases como “diabos” em diálogos com Deus são vistas como desrespeitosas por muitos pais cristãos.
Além disso, a inclusão de pronomes neutros e uma abordagem que enfatiza temas contemporâneos sobre gênero e identidade reforçam a crítica de que o filme promove uma agenda que busca redefinir valores familiares tradicionais. A tentativa de modernizar histórias clássicas para torná-las mais inclusivas é vista por muitos como uma forma de subversão dos princípios cristãos fundamentais.
A preocupação com a adaptação da Arca de Noé vai além das mudanças narrativas. Para muitos conservadores e cristãos, essa abordagem representa uma ameaça direta à liberdade religiosa e à expressão de valores morais tradicionais. O foco da cultura woke em redefinir normas sociais sobre gênero e sexualidade entra em conflito com as crenças cristãs, tornando difícil para os indivíduos conciliarem essas ideologias com suas práticas de fé.
A pressão para aceitar ou apoiar posturas que contrariam crenças religiosas é percebida como uma forma de censura, onde ideias baseadas em valores cristãos são frequentemente desqualificadas ou menosprezadas em ambientes públicos. Essa dinâmica cria um ambiente onde a diversidade de pensamento é sufocada, levando a uma cultura do cancelamento que marginaliza vozes conservadoras.
A influência da cultura woke na sociedade contemporânea é inegável e se reflete em diversas esferas, incluindo o entretenimento infantil. Esta adaptação da Arca de Noé exemplifica como essa agenda pode prejudicar valores conservadores e cristãos, transformando narrativas clássicas em ferramentas para promover ideologias progressistas. À medida que essa tendência avança, é crucial que os defensores dos valores tradicionais se mobilizem para preservar a integridade das histórias que moldaram suas crenças e identidades.
A combinação de uma narrativa considerada desleal à história bíblica, o uso de linguagem neutra e temas controversos resultaram em uma forte rejeição do filme “Arca de Noé” por parte de muitos críticos. Para aqueles que buscam uma adaptação mais tradicional da história bíblica, este filme pode não ser a escolha ideal.
(*) Ricardo Ramos é doutor em Teologia e autor de vários livros