Leonardo Pinho, ex-diretor do Ministério dos Direitos Humanos, revelou ter sofrido assédio moral e ameaças por parte do ex-ministro Silvio Almeida. As acusações vêm à tona em meio a outras denúncias de conduta imprópria envolvendo Silvio.
Pinho decidiu se manifestar publicamente após receber uma ligação ameaçadora de um número desconhecido na última quinta-feira (5). Segundo ele, uma voz masculina advertiu: “Não vou aceitar. O complô vai ser desmantelado. Para de falar. O Silvio é sócio de grandes escritórios de advocacia. É sócio do Walfrido Warde”.
O ex-diretor, que inicialmente evitava comentar o assunto, ganhou coragem para falar como forma de autoproteção. Em entrevista, ele descreveu uma série de incidentes nos quais teria sido assediado moralmente e ameaçado por Almeida. Pinho chegou a expressar medo de agressão física por parte do ministro.
“O mínimo que ele fez comigo no ministério é assédio moral. Eu vejo até nomes piores do que ele fez, pode ser ameaça”, afirmou Pinho. Ele ressaltou que consultou manuais de assédio moral do Ministério Público do Trabalho e de sindicatos, confirmando que as situações vivenciadas se enquadram nessa categoria.
O ex-diretor comparou sua experiência atual com interações passadas no governo anterior: “No governo Bolsonaro, tive reuniões com a Damares Alves, então ministra de Direitos Humanos, e com o general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde. Nunca fizeram algo parecido comigo. A relação tinha uma institucionalidade mínima”.
Pinho expressou sua decepção e choque com o comportamento de Almeida, alguém que ele ajudou a chegar ao cargo de ministro. “Imagina ver isso do Silvio, alguém que você ajudou a construir para o cargo, alguém por que você se dedicou, você acreditou. É doloroso, pessoalmente falando. É um baque”, desabafou.
O caso ganha ainda mais relevância diante das acusações de assédio feitas contra Almeida pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, conforme revelado pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles. As denúncias levantam questionamentos sobre o ambiente de trabalho e a conduta ética no Ministério dos Direitos Humanos.
Pinho lamentou o cenário atual, contrastando-o com suas expectativas para 2023: “Seria o ano do sonho, de voltar a algum grau de civilidade no Brasil. E aí eu recebo a incivilidade”. Ele reiterou estar apenas relatando suas experiências pessoais e expressou seu temor diante da situação: “Sinceramente, estou com medo”.
As acusações de Pinho somam-se a um quadro preocupante de denúncias contra o ministro Silvio Almeida. A gravidade das alegações e o perfil dos envolvidos – todos ocupantes de cargos de alta responsabilidade no governo – sugerem a necessidade de uma investigação aprofundada sobre o caso.
O Ministério dos Direitos Humanos, que deveria ser um exemplo de respeito e proteção aos direitos fundamentais, agora se vê no centro de uma controvérsia que põe em xeque sua própria missão. A situação demanda uma resposta rápida e transparente das autoridades competentes para esclarecer os fatos e, se comprovadas as acusações, tomar as medidas cabíveis.