Nesta sexta-feira (20), às 23h42 (horário de Brasília), tem início oficialmente o inverno no Hemisfério Sul. A data é marcada pelo solstício de inverno, evento astronômico que representa o ponto de maior inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol, resultando na noite mais longa do ano.
A partir desse momento, o tempo de luz solar passa a aumentar gradativamente até o solstício de verão, em 21 de dezembro, quando ocorre o dia mais longo. A transição das estações é um fenômeno previsível, causado pela inclinação do eixo terrestre e o movimento de translação do planeta em torno do Sol.
“Os solstícios e equinócios definem o início das estações do ano”, explica Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “Nos equinócios, o dia e a noite têm duração praticamente igual. Já nos solstícios, a diferença entre o tempo de luz e de escuridão atinge seu ponto máximo”, complementa.
POR QUE A NOITE É MAIS LONGA?
Durante o solstício de inverno, o Hemisfério Sul está mais inclinado para longe do Sol, fazendo com que os raios solares incidam de forma mais oblíqua. Isso encurta o período de luz diurna e alonga o período noturno. O fenômeno é mais perceptível em regiões afastadas do equador. “Quanto maior a latitude, maior é a diferença na duração dos dias ao longo do ano. Nos polos, por exemplo, o Sol pode não nascer durante todo o inverno”, detalha a astrônoma.
O FENÔMENO DO “SOL PARADO”
Além da noite mais longa, o solstício de inverno é acompanhado por outro fenômeno visual conhecido como “Sol parado” — origem do próprio termo “solstício”, do latim solstitium, que significa “Sol parado”. Nessa época, o astro-rei atinge seu ponto mais distante ao norte (no verão) ou ao sul (no inverno) no céu, aparentando não mudar de posição por alguns dias consecutivos.
“É possível observar essa parada ao notar o local onde o Sol nasce e se põe a cada dia. Nos solstícios, esses pontos permanecem praticamente fixos, antes de começarem a se mover novamente”, explica Josina. Após o solstício de inverno, o Sol volta a nascer e se pôr, aos poucos, mais próximos dos pontos cardeais leste e oeste.
DIFERENÇA ENTRE OS CALENDÁRIOS
Atualmente, o início do inverno pode variar entre os dias 20 e 21 de junho. No passado, especialmente entre os anos 1950 e 2000, era comum ocorrer no dia 21 ou 22. A alteração é consequência da diferença entre o ano civil, com 365 ou 366 dias, e o ano trópico — intervalo real entre dois solstícios ou equinócios consecutivos — que dura 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. A defasagem é compensada com a adoção do ano bissexto.
OBSERVAÇÃO SEGURA
Para quem deseja acompanhar a movimentação do Sol nessa época do ano, a orientação é nunca olhar diretamente para o astro sem proteção adequada. “A observação deve ser feita com filtros solares apropriados, equipamentos específicos como telescópios com filtro ou técnicas indiretas de projeção”, alerta Josina Nascimento.
Com a chegada do inverno, as temperaturas tendem a cair em diversas regiões, mas o fenômeno do solstício chama atenção por mostrar, de forma visível no céu, como o movimento da Terra molda a rotina dos nossos dias e noites.