Por Mário Plaka (*)
Há mesas que servem para reunir famílias, partilhar histórias e fortalecer laços. Mas há também aquelas mesas em que o que se partilha é apenas o pior do ser humano: a ambição, a mentira e a servidão aos tiranos.
Nessa mesa simbólica, personagens de nomes pomposos sentam-se lado a lado com ditadores que o mundo inteiro reconhece como opressores. Antes das eleições, juravam ser contra o aborto, contra regimes autoritários, contra qualquer forma de perseguição humana. Mas, no poder, mostram o contrário: sorriem nas fotos ao lado de carrascos, como se a proximidade fosse motivo de orgulho.
Curioso é lembrar que, em campanhas passadas, qualquer menção a essas ligações era proibida. Dizia-se que era “fake news”, que não podia ser mostrado ao povo. Hoje, no entanto, eles mesmos fazem questão de esfregar a verdade na cara da população: nunca foram contra nada daquilo que diziam combater.
A realidade é cruel: o discurso muda conforme a conveniência. Ontem, fingiam defender valores; hoje, celebram alianças com aqueles que perseguem, escravizam e matam. O que antes era escondido agora é exibido em fotografias oficiais, como se fosse conquista.
E o povo? Enganado, desrespeitado e usado, paga caro por acreditar. Caro porque a liberdade se perde em silêncio, caro porque a mentira se transforma em política de Estado, caro porque quem governa já não esconde a sua devoção à tirania.
No fundo, essa mesa não é de diálogo, mas de traição. Uma mesa onde o cardápio principal é a hipocrisia, e onde a conta, sempre pesada, sobra para o povo.
O povo tá vendo tudo, tá vendo tudo, mas fica calado, faz de conta que está mudo.
Tô vendo tudo, tô vendo tudo…
Não fico calado, pois, eu sei que não sou mudo.
























