Mário Plaka (*)
O povo brasileiro é honesto. É trabalhador. É pai, mãe, avô, é gente que acorda cedo, que honra compromissos, que sua a camisa e que não pega o que é dos outros — mesmo quando falta tudo em casa. O verdadeiro brasileiro tem vergonha na cara.
Recentemente, um vídeo voltou a circular nas redes: um trabalhador da limpeza, num aeroporto, encontrou uma bolsa com mais de trezentos mil reais em dinheiro. Procurou o dono e devolveu. Quando perguntaram o que ele queria em troca, respondeu apenas: “Quero conhecer o presidente.”
E o que ele recebeu em troca? O riso. O deboche. O presidente da República, diante de todo o país, chamou aquele homem de bobo — dizendo que ele poderia ter ficado com o dinheiro e comprado uma casa. Uma fala vergonhosa, vinda justamente de quem deveria dar o exemplo. Enquanto o povo luta para sobreviver com dignidade, o chefe de Estado debocha da honestidade. Mas aquele homem simples é o retrato do Brasil que ainda resiste.
É o Brasil que não se vende, que não se curva à corrupção, que trabalha, paga imposto, produz — e mesmo sendo explorado, ainda acredita em dias melhores.
Mas até quando?
O peso se tornou insuportável. O governo transformou a vida do trabalhador em uma máquina de moer esperanças. É imposto sobre imposto. Taxa sobre taxa. Juros sobre juros. Você paga para nascer, paga para viver, paga para morrer. Tudo tem imposto — até a dignidade parece ter preço.
O Estado brasileiro se tornou um sanguessuga institucionalizado, que vive daquilo que o povo produz, mas devolve migalhas em troca. Famílias estão se desestruturando. O pai não dorme mais tranquilo. A mãe vive aflita. O jovem perdeu o norte. É um país que desorienta o seu povo, que tira o rumo de quem trabalha, e oferece esmola a quem se acomoda. O resultado é uma nação sem esperança — e sem direção.
No Rio Grande do Sul, o drama chegou ao limite. O produtor rural, símbolo da força e do suor brasileiro, está sendo esmagado pelas dívidas e pelo abandono. Mais de trinta trabalhadores rurais já tiraram a própria vida, sufocados por financiamentos impagáveis, pela seca, pelas perdas e pela omissão do governo. Há famílias se desintegrando, casamentos se desfazendo, propriedades sendo perdidas. O gaúcho — assim como o homem do campo de todo o Brasil — tem vergonha na cara. Ele não suporta ser cobrado e humilhado quando sempre viveu do próprio trabalho.
O sistema está matando o homem honesto, dia após dia, com impostos, juros e descaso. É um massacre silencioso que o governo finge não ver.
Enquanto isso, há quem viva de benefícios — bolsa isso, bolsa aquilo, até bolsa-prisão — e não quer mais trabalhar. O governo criou um país onde ser produtivo é castigo e ser dependente virou vantagem. Hoje, falta mão de obra porque o Estado incentiva a ociosidade. E quem trabalha de verdade está estrangulado, exausto, endividado e sem esperança. Por quê?
Porque o Brasil virou um jogo perverso: quem trabalha é punido; quem rouba é protegido. Quem produz é tributado; quem engana é premiado. Quem fala a verdade é perseguido; quem bajula o poder é recompensado.
Enquanto isso, o povo agoniza. O custo de vida explode, as dívidas aumentam, o crédito desaparece e a fé vai murchando. E quando o homem de bem não vê mais saída, ele sofre — não por fraqueza, mas por honra. Porque o trabalhador sente vergonha de não conseguir pagar o que deve.
Que país é esse? Um país que humilha o honesto e recompensa o ladrão. Um país que crucifica o que trabalha e coroa o que rouba. Um país onde a vergonha mudou de lado e a decência virou piada.
O Brasil precisa reencontrar sua alma. Aquele homem que devolveu a bolsa é mais digno que muitos paletós de Brasília. Ele é o símbolo do Brasil que precisamos resgatar — um país de valores, de caráter, de palavra. Porque o verdadeiro trabalhador não quer esmola: quer respeito, oportunidade e justiça.
E se o povo brasileiro resolver parar — se o produtor cruzar os braços, se o gari largar a vassoura, se o caminhoneiro desligar o motor — esse governo cai em uma semana. Porque o poder não mora no Palácio do Planalto. O poder está nas mãos calejadas de quem faz este país funcionar.
Que nas próximas eleições o cidadão brasileiro lembre disso: quem debocha da honestidade, não merece governar o Brasil.
Voto não tem preço — tem consequências.
























