Por Mário Plaka (*)
Algumas leis se perdem em códigos e tribunais, outras apenas servem de enfeite nas estantes do poder. Mas há uma, silenciosa e implacável, que percorre os corredores da diplomacia internacional com a firmeza de um predador ancestral: a Lei Magnitsky, ou, como já se consagrou, a Lei Magnífica.
Não é lei que avisa. Não é lei que negocia. É lei que envolve, aperta e sufoca, como uma sucuri amazônica que cerca a presa e a comprime até o último suspiro. A cada aperto, um direito é perdido: primeiro as contas bancárias, depois os bens congelados, logo as portas do mundo se fecham. A vítima tenta respirar, mas o cerco já se tornou inescapável.
O que torna essa lei ainda mais temida é que sua força não se limita ao criminoso direto. Como a serpente que enrola tudo que estiver ao alcance de seu corpo, a Lei Magnífica alcança também aqueles que orbitam o sancionado: familiares, sócios, defensores e laranjas. Quem senta à mesma mesa de um tirano, quem protege ou esconde seus crimes, descobre cedo ou tarde que compartilha o mesmo destino. A sucuri não distingue entre a presa principal e o que está próximo — todos são esmagados sob a mesma pressão.
E aqui está a lição que deve ecoar: a Lei Magnífica é coisa séria. Não se trata de um aviso simbólico, mas de uma punição real, concreta, que sufoca patrimônios, destrói reputações e impede qualquer retorno à vida pública internacional. Ela foi criada para lembrar que o mundo não é refém da tirania, que há limites para a perseguição e para a arrogância de quem viola os direitos humanos.
Por isso, cada governante, cada agente do poder, cada cúmplice que se sente intocável deve refletir antes de agir. Quem pisa nos direitos de outros pisa em um terreno movediço, onde a serpente já está à espreita. Porque a Lei Magnífica não esquece, não se cansa, e quando decide atacar, aperta até o fim. E o fim, para o sancionado e todos os que com ele caminham, é sempre o mesmo: o silêncio sufocado da derrota.
A Lei Magnífica não avisa: ela estrangula.
























