Por Mário Plaka (*)
Vivemos tempos em que muitos perderam o rumo. Pessoas atribuladas de espírito, confusas, presas na própria mente, incapazes de enxergar um palmo além do nariz. Tudo por causa da avareza, da arrogância, da prepotência. Tudo pela ânsia de poder.
Vejo gente que maltrata, pisa nos outros, mente para si mesma. Pessoas que se autodestroem porque não conseguem mais respeitar a vida, nem o próximo. E o mais triste é que esse comportamento está em todos os lugares: nos becos e nas mansões, nos barracos e nos palácios.
Falo isso não por ouvir dizer, mas porque vivi e vi. Deus me deu a graça de desenvolver um trabalho que me levou a muitos lugares — empresas, residências, comunidades — e, antes disso, Ele me deu uma missão. Uma missão que começou num lixão.
Durante quase um ano, fui todos os dias àquele lugar. Lá, entre montes de lixo e gente esquecida pelo mundo, vi dignidade, fé e esperança brotarem de corações que ainda acreditavam em recomeço. Ajudei a ressocializar pessoas, a criar uma cooperativa, e, principalmente, a semear fé. Até hoje, quando encontro alguns deles pelas ruas, vejo a alegria em seus olhos — porque uma palavra de esperança plantada no momento certo floresce para sempre.
Mas também já estive em palácios. Já entrei em casas que pareciam templos de luxo, mas onde a alma gemia em silêncio. E, mesmo ali, Deus me deu a oportunidade de levar uma palavra de conforto, de fé, de reflexão.
Há ricos que, mesmo cercados de tudo, param o carro, descem, e me chamam para conversar — não por interesse, mas porque sentem falta de ouvir o que o dinheiro não compra: uma palavra de verdade.
O que aprendi em tudo isso é que não podemos viver só de palavras. As palavras inspiram, mas as ações transformam. Por isso, costumo dizer nas palestras e escolas bíblicas onde ministro: “Se as minhas palavras falarem mais alto do que as minhas ações, eu estou lascado. Se o que eu prego for maior do que o que eu vivo, então eu sou um dos maiores hipócritas.”
Essa é a realidade. Fé sem ação é discurso vazio. E o cristianismo sem prática é só religiosidade disfarçada.
O verdadeiro Evangelho é vivido no lixão e no palácio, na rua e na empresa, no cotidiano de quem entende que somos corpo, alma e espírito — e que precisamos cuidar de todos, porque o corpo é templo, a alma é passageira, e o espírito voltará ao Criador.
A paz que o mundo tanto busca não está no ouro, nem no poder. Está em Cristo.
E essa paz, quando habita em nós, faz o pobre se alegrar e o rico se humanizar. Porque só o amor de Deus é capaz de equilibrar os extremos da vida.
























