Por Mário Plaka (*)
Recentemente, vi uma postagem nas redes sociais em que alguém lamentava que a cidade não tinha uma política pública sanitária eficaz, e que os cães estavam soltos pelas ruas. A minha reação foi imediata: será mesmo que a culpa é apenas da falta de políticas públicas — ou também dos financiadores e dos eleitores que alimentam esse sistema de abandono?
Cães abandonados nas ruas são o espelho de uma sociedade que também abandonou suas responsabilidades, seu afeto e o respeito pelo próximo. Os cães são o símbolo maior da lealdade.
Diz-se com razão: “Uma pessoa pode abandonar um cão, mas o cão jamais o abandonará”.
O abandono animal é, antes de tudo, o reflexo do abandono moral. O tutor que abandona um cão demonstra o mesmo desprezo que muitos demonstram pelas leis, pelos compromissos e pelos princípios éticos. Assim como o dono que deixa o animal à própria sorte, há gestores públicos que deixam as políticas públicas esquecidas, e há eleitores que, mesmo vendo o descaso, continuam apoiando os mesmos erros.
As leis existem. As políticas de proteção também. Mas o problema é que muitos abandonam o juramento que fizeram ao assumir cargos públicos, abandonam os princípios que prometeram defender, e traem a confiança do povo que acreditou nas suas palavras de campanha.
Quem abandona um cão revela muito mais do que falta de compaixão — revela o colapso de uma consciência. E quando uma sociedade normaliza o abandono, seja de um animal ou de um princípio, ela perde a capacidade de se indignar e de evoluir.
O dia em que compreendermos que cuidar de um animal é também um ato de humanidade e cidadania, talvez possamos começar a reconstruir uma sociedade mais justa, empática e responsável.
Voto não tem preço, tem consequências.
























