Por Mário Plaka (*)
Dizem que sou louco por pensar assim. Mas, se for loucura, que seja daquelas boas: a loucura que abre caminhos, não a covardia que fecha portas.
Afinal, na aldeia política onde vivemos, não faltam personagens do nosso folclore tirânico:
O Coronel Mandachuva, que vive mandando e desmandando, acreditando que o povo é gado.
O Saci da Censura, que aparece de noite para apagar postagens e esconder verdades, pulando numa perna só em cima da Constituição.
A Cuca do Poder, velha enrugada, que embala os ingênuos com cantigas de “paz e prosperidade”, mas por trás prepara o caldeirão da ditadura.
O Curupira da Justiça, que anda de pé virado para trás: solta quem devia estar preso e prende quem não devia.
E agora, surge também o Boto da Imprensa Vendida: de dia veste terno engomado, mas à noite se transforma em sedutor das massas, contando histórias inventadas, sempre a serviço dos poderosos que dominaram a ilha.
Enquanto isso, os loucos visionários da história — Tesla, Santos Dumont, os irmãos Wright, Dorothea Dix e tantos outros — foram ridicularizados, perseguidos e até mortos. Chamaram-nos de insanos, mas foram eles que abriram asas para o mundo voar, que inventaram, revolucionaram e ousaram desafiar os “donos da verdade”.
Hoje, o cenário se repete: nos reinos da Cuca Vermelha (Cuba, Venezuela, Coreia do Norte), o povo é silenciado, a internet vigiada e até o pensamento precisa pedir licença.
E aqui, no nosso quintal, o Curupira da Justiça continua com suas pegadinhas: solta o lobo faminto e prende o cordeiro, enquanto o Boto da Imprensa Vendida encanta os ingênuos com manchetes enfeitadas para esconder os podres do banquete dos poderosos.
Por isso repito: prefiro o barulho dos loucos que o silêncio dos covardes.
O silêncio dos covardes é como uma Iara traiçoeira: canta doce para atrair os desavisados, mas os afoga na indiferença. É como viver numa ilha do Nunca, achando que sempre haverá alimento, até que a maré da realidade devore tudo.
Quando esse dia chegar, os covardes descobrirão que seu silêncio foi a pior das loucuras — e que os verdadeiros loucos eram, na verdade, os únicos que ousaram enfrentar o sistema.
E para eles os indiferentes e covardes este dia pode ser tarde demais…
























