Por Mário Plaka (*)
Ao ver uma reportagem recentemente da prisão de um abusador que vitimou mais de uma centena de crianças e adolescentes nos lembra, de forma dolorosa, o quanto a confiança é um bem precioso e, ao mesmo tempo, frágil. Uma criança só se torna presa fácil quando não encontra no lar a fortaleza da confiança. E é justamente esse elo invisível que tem se perdido em nossa sociedade.
Não basta dar dinheiro. Não basta oferecer presentes. Não basta oferecer uma “atenção superficial”. O que sustenta verdadeiramente uma relação entre pais e filhos é a confiança construída na escuta, no exemplo, no diálogo e na verdade. Quando esse vínculo se rompe, os filhos buscam fora de casa o que deveria estar dentro dela: segurança, acolhimento, orientação. Hoje, muitos jovens confiam mais nos colegas da rua do que nos próprios pais — e isso é uma tragédia silenciosa que mina famílias inteiras.
A confiança é o alicerce de toda relação humana. É ela que mantém viva a credibilidade de uma empresa, a lealdade de seus colaboradores e a fidelidade de seus clientes. Onde falta confiança, sobra desconfiança, medo, traição e fracasso. Não à toa, a causa de muitos colapsos financeiros e da perda de talentos em organizações não está em crises econômicas externas, mas na corrosão interna da confiança.
Na educação, o problema se repete. O maior fator de evasão escolar não é apenas a falta de recursos ou infraestrutura, mas a falta de confiança: alunos que não confiam no sistema, pais que não confiam nas escolas, professores que não confiam em seus gestores. Sem confiança, a sala de aula vira apenas um espaço físico, e não um lugar de crescimento e transformação.
E, no campo político, a ferida é ainda mais profunda. O brasileiro não confia mais em seus representantes, nem nas instituições que deveriam zelar pela justiça, pela democracia e pelo futuro da nação. Do menor município até Brasília, a confiança foi trocada pela desilusão. Não há mais líderes que inspirem; não há mais governantes que despertem credibilidade. O cidadão olha para cima e não encontra referência. Isso é muito triste, porque quando o povo perde a confiança em seus líderes, a soberania nacional começa a se dissolver.
Famílias sem líderes. Professores sem autoridade. Políticos sem credibilidade. Uma sociedade inteira órfã de confiança. E, nesse vazio, sistemas socialistas e comunistas encontram terreno fértil para plantar fantasias, manipular consciências e capturar corações jovens. Assim se destrói uma nação: não apenas com armas ou crises econômicas, mas com a erosão silenciosa da confiança.
Confiar é dar crédito. É acreditar que o outro não vai trair a nossa entrega. Sem isso, não há família forte, não há empresa duradoura, não há sociedade saudável, não há pátria soberana. É urgente reconstruir esse fio invisível — dentro das casas, nas escolas, nas empresas, na política e nas comunidades. Porque sem confiança, nada se sustenta.
























