Por Mário Plaka (*)
Ontem parei para refletir sobre o perigo de conviver com pessoas que conseguem esconder os seus pecados. Não me assusta tanto os pecados visíveis, aqueles pelos quais todos logo apontam o dedo, condenam e se afastam. O verdadeiro risco está nos pecados que ficam ocultos, disfarçados sob uma aparência de bondade.
É fácil reconhecer e se afastar de uma prostituta, de um ladrão, de um homicida, de um traficante, de um traidor, de um invejoso, de um fofoqueiro, de um feiticeiro ou de um amante da mentira.
Difícil é perceber quem carrega esses mesmos pecados dentro de si, mas sabe escondê-los sob uma máscara de caráter, pureza e inocência. Pessoas que, por fora, parecem confiáveis, mas por dentro são como serpentes prontas para dar o bote.
É contra esse tipo de mal que precisamos pedir livramento a Deus:
Que Ele nos afaste dos que disfarçam o pecado, que não permitam que nos vejam ou nos alcancem.
E que, se houver algum pecado oculto em nós, que o Senhor revele, para que tenhamos força e discernimento para arrancá-lo da alma e do corpo.
Mas não basta olhar apenas para fora. Muitas vezes, enquanto apontamos o dedo para os pecados alheios, esquecemos de olhar para dentro de nós mesmos. Julgamos os outros com dureza, enquanto carregamos dentro da alma venenos escondidos, justificando nossas falhas como se fossem pequenas ou sem importância. Esquecemos que, diante de Deus, não existem pecados grandes ou pequenos — existem pecados confessados e pecados ocultos.
O espelho é, muitas vezes, o maior acusador. Ele revela não a aparência que mostramos ao mundo, mas o reflexo daquilo que tentamos esconder até de nós mesmos. É no silêncio da consciência que cada um de nós precisa ter coragem de encarar a própria verdade. Pois o que se oculta no coração pode nos destruir mais rápido do que aquilo que o mundo inteiro vê.
Por isso, o maior clamor não deve ser apenas para que Deus nos livre dos hipócritas disfarçados que cruzam nosso caminho, mas também para que Ele nos livre de nós mesmos. Do nosso orgulho, da nossa mentira, da nossa falsa aparência de santidade. Que o Senhor arranque de nós todo pecado escondido, para que possamos andar em luz, sem máscaras, sem disfarces, e sem o perigo mortal de sermos serpentes para nós mesmos.
























