Por Mário Plaka (*)
Diz o Conde de Portugal — e com razão — que Bolsonaro já não é mais apenas um político. É quase um mito canonizado, com direito a vitral na capela da História. Mas aqui, no Brasil do Saci, do Curupira e da mula sem cabeça, essa canonização tem um tempero especial: em vez de incenso, queimam processos; em vez de hinos sagrados, tocam sirenes da PF.
Nem Churchill com seu charuto, nem Mandela com sua cela, ousaram disputar manchete tanto tempo quanto o homem de motocicleta que atravessa multidões feito São Jorge montado em Harley. E o mais curioso é que sua maior medalha não veio da ONU nem de Harvard, mas sim daquilo que o Brasil mais sabe produzir: perseguição, carimbada no cartório da burocracia e entoada pelo coral uníssono da grande imprensa.
Aqui, a honraria não é Nobel, é BO (Boletim de Ocorrência). A condecoração não é faixa de honra, mas tornozeleira eletrônica imaginária que os inimigos tentam lhe enfiar no pé. E ainda assim, quanto mais tentam engaiolar o homem, mais ele vira canção de cordel, grafite no muro, conversa de boteco, bandeira em janela de caminhão.
É preciso admitir: Bolsonaro virou folclore vivo. Habita a cabeça dos adversários como o Boi Tatá que assombra os medrosos à noite; aparece em todo noticiário como mula sem cabeça correndo solta em Brasília; e assombra assembleias e tribunais como lobisomem que ninguém consegue derrubar.
E, sejamos justos, o Brasil lhe presta a maior homenagem possível: mantê-lo, dia e noite, no centro do palco. Ele poderia ter virado nota de rodapé, como certos ex-presidentes que hoje só aparecem em palestras de condomínio. Mas não. Bolsonaro é a pedra no sapato, o espinho na carne, o mito que virou troféu.
No fundo, não há mais o que temer ou duvidar: Bolsonaro é símbolo, já gravado na memória coletiva, não apenas como homem, mas como representação viva do que acredita — Deus, Pátria, Família, Liberdade, Trabalho e Fé. A justiça que o persegue, em sua sanha de condenar, só confirma a maior injustiça já feita contra um brasileiro que ousou dizer em alto e bom som o que milhões pensam.
E essa é, ironicamente, a verdadeira consagração: perseguido, atacado, difamado — e ainda assim imortalizado.
























