Por Mário Plaka (*)
Quem anda pelas ruas, não precisa de gráfico nem discurso enrolado para perceber: a segurança pública no Brasil virou um quebra-cabeça sem peças. E, enquanto isso, boa parte da imprensa parece brincar de esconder o que importa. Em vez de cobrar responsabilidade de quem governa, dança ao redor do assunto, como se o problema fosse barulho demais em uma única operação policial, e não o fato de que, só em 2024, mais de 38 mil brasileiros perderam a vida. É uma média cruel: mais de 130 mortes por dia. O país inteiro sangrando, e a lente da mídia ajustada no lado errado.
A verdade é simples. Segurança começa no município, tem o comando do Estado e alcança as fronteiras com o governo federal. Cada um tem uma função clara. Só que funções claras com autoridades omissas viram só papel molhado.
E a imprensa, que um dia carregou respeito quase sagrado, hoje anda desbotada. Antes, quando chegava um repórter, as pessoas endireitavam a postura, porque sabiam que havia seriedade. Hoje, o retrato é outro: narrativas vendidas como se fossem peixe do dia. E quando qualquer bolso compra, o produto perde valor.
Mas o foco deste artigo não é nostalgia. É cobrança.
O Congresso, que deveria ser fiscal do povo, vive anestesiado. Comissões permanentes de segurança pública existem em todos os níveis: Senado, Câmara, Assembleias, Câmaras Municipais. Estão aí, criadas, estruturadas, esperando trabalho de verdade. Aí, quando o caos explode, inventam CPI para fingir movimento. Teatro. Pirotecnia. A velha arte de parecer que faz, quando não fazem o básico.
E enquanto isso, pré-candidatos já desfilam como se fossem heróis, torrando verba que não condiz com os próprios cargos. A população olha, suspira e diz: “É sempre o mesmo grupo”. E é mesmo. Figurinha carimbada que não entrega resultado.
Está na hora de virar a mesa.
Eleitor, acorde. Troque tudo o que precisa ser trocado. Deputado, senador, governador, presidente. E, principalmente, renove o Senado. Porque é ali que nasce o freio institucional para quem ultrapassa o próprio papel. O Supremo deve ser guardião da lei, não executor e não legislador. Cada poder no seu quadrado, como a Constituição manda.
Também está na hora de a imprensa se reinventar. Hoje, muita gente confia mais no jornalista independente do que nos grandes veículos. Isso diz muito. Diz que o público quer verdade, não espetáculo.
O país precisa de segurança pública. Mas antes disso, precisa de coragem para cobrar. Porque voto não tem preço. Tem consequência.
























