Por Mário Plaka (*)
O Brasil foi surpreendido por uma denúncia gravíssima publicada pelo portal Metrópoles e outros: trabalhadores encontrados em condição análoga à escravidão em granjas fornecedoras de uma gigante nacional, a JBS. Homens e mulheres submetidos a jornadas de até 16 horas por dia, em condições degradantes, sem dignidade nem direitos.
O caso deveria bastar para uma reação dura do Estado. Mas o que se viu foi o contrário: o ministro do Trabalho decidiu segurar em suas próprias mãos a decisão sobre incluir ou não a empresa na “Lista Suja” do trabalho escravo. Um gesto que, na prática, soou como proteção política. O resultado foi a revolta dentro da própria pasta: nove fiscais do trabalho renunciaram aos cargos de chefia, denunciando que houve interferência e acobertamento.
E não é só aqui dentro. Recentemente, na Bahia, a montadora chinesa BYD foi alvo de ação do Ministério Público do Trabalho após mais de 200 operários chineses serem encontrados em condições análogas à escravidão: jornadas exaustivas, alojamentos precários, passaportes retidos e contratos abusivos. E ainda assim, o governo brasileiro segue fechando contratos bilionários e exaltando parcerias com a China. Isso jamais poderia acontecer. Um governo não pode apoiar empresas ou países que praticam trabalho escravo, seja aqui ou fora do Brasil. Consumir e financiar esse tipo de exploração é carregar nas costas a dor de vidas humanas. O povo brasileiro não merece isso, e o governo precisa rever suas ações e dar uma resposta firme e clara à sociedade.
O Metrópoles trouxe a público aquilo que o governo gostaria de esconder: a contradição de um poder que se diz defensor dos trabalhadores, mas que, na hora decisiva, escolhe proteger os interesses de uma empresa parceira. É por isso que o governo entra, agora, no olho do furacão.
A verdade é que a escravidão não se limita aos casos flagrados em granjas, fazendas ou montadoras. O próprio povo brasileiro vem sendo sufocado pela escravidão moderna dos impostos e taxas. Imposto sobre imposto, taxa sobre taxa — o trabalhador já não aguenta mais. O brasileiro está na UTI, sem forças, muitos já sem ânimo para lutar. Estuda, paga caro em uma universidade, em um curso técnico, mas acaba explorado tanto pelo patrão quanto pelo próprio Estado, que drena sua energia e o desanima de produzir.
Essa é a realidade nua e crua: tanto empresários quanto trabalhadores estão sendo esmagados. Enquanto isso, no Senado, na Câmara e no Supremo, as regalias são mantidas intactas. O povo, por sua vez, não consegue sequer marcar uma consulta, internar em um hospital ou comprar um remédio. É hora de cobrar esse governo que se diz “dos trabalhadores”, mas que na prática escraviza o trabalhador e protege quem explora. O povo precisa despertar, levantar sua voz e exigir mudanças — porque se o silêncio continuar, a escravidão, sob novas formas, será o destino de todos nós.
Mais uma vez digo: “Voto não tem preço tem consequências”
(*) Mário Caetano de Souza, conhecido como Mário Plaka é empresário em Coronel Fabriciano
























