Por Mário Plaka (*)
A recente fala do ministro Flávio Dino é um verdadeiro insulto à inteligência humana. A comparação feita por ele é absurda — chega a ser uma molecagem jurídica, e uso o termo com todo o peso que ele merece.
Comparar a ação de criminosos fortemente armados no Rio de Janeiro, que receberam a polícia a tiros, com a situação de um cidadão comum que, porventura, fura uma barreira policial, é distorcer a realidade de forma desonesta. No caso do Rio, o que houve foi confronto. Aqueles traficantes que dominavam a favela reagiram à presença policial como reagem todos os que vivem do crime: com arma em punho e prontos para matar.
Se algum morador consegue circular com tranquilidade nessas comunidades, sem ser abordado, é porque, dentro daquele território, o poder não é do Estado — é do crime. A polícia foi recebida de forma brutal. E se chegasse ali com um livro ou uma rosa na mão, essa rosa serviria apenas para enfeitar o caixão de um policial.
Mas vem o ministro e tenta justificar o injustificável. Na sua fala, Dino questiona o “uso proporcional da força”, citando um “exemplo horrendo”: um motorista que ultrapassa uma barreira policial e leva um tiro. E conclui que o Estado não pode agir de forma desproporcional. Ora, essa comparação não se sustenta! O policial no Rio de Janeiro não estava diante de um motorista distraído — estava diante de uma guerra declarada, em que bandidos desafiaram abertamente o Estado e a própria sociedade.
Mais uma vez, inverte-se o papel: o criminoso vira vítima, e o Estado, culpado. É brincadeira! Parece que o objetivo é forçar um tipo de indignação seletiva, um discurso fabricado para desviar o foco do que realmente importa.
Enquanto isso, o país afunda. O comércio quebra, o desemprego cresce, o agro é empurrado para o canto, e o MST avança sobre terras produtivas sem qualquer freio. A Amazônia arde em chamas e o silêncio é cúmplice. O presidente faz declarações esdrúxulas, chega a dizer que traficante é vítima dos usuários — uma inversão moral perigosa. E tudo isso enquanto o governo gasta quatro vezes mais do que qualquer outro, com viagens improdutivas e farras de dinheiro público.
A primeira-dama, então, se tornou símbolo de desperdício, com gastos jamais vistos na história do país. É um escárnio. Talvez todo esse ruído seja mesmo para abafar escândalos como o da CPMI do INSS, onde aposentados e pensionistas foram roubados, e onde os verdadeiros responsáveis, ligados à política, são blindados para não depor.
Curiosamente, nos últimos dias, o silêncio tomou conta. Ninguém mais fala das centenas de presos injustamente, dos perseguidos políticos, nem do avanço da censura. E, no meio disso tudo, solta-se uma fala absurda como essa, para mudar o foco da atenção popular.
Não se engane: esse tipo de discurso não é apenas tolo. É calculado. E, acima de tudo, é um insulto à inteligência humana.
























