Por Walter Biancardine (*)
Expondo nas redes sociais um verdadeiro festival de traições explícitas, infiltrados se auto-revelando, xingamentos mútuos e claro processo de autofagia de um grupo, os preparativos da manifestação do dia 16 de março tiveram o condão de evidenciar a correção da frase de Olavo, bem como a completa inexperiência, falta de preparo na militância e imaturidade daqueles que se dizem “de direita”.
Sim, tais pessoas se denominam somente como “de direita”, porque não ousam se classificar como “conservadores” não só pela total ignorância do que seja como, também e principalmente, por se valerem do mesmo mecanismo daqueles que afirmam “acreditar em Deus mas não ter nenhuma religião”: querem as bênçãos, mas nenhuma das obrigações.
Inevitável a imagem de um estouro de boiada onde o gado, descontrolado e sem pastor forte o suficiente para orientá-lo, atropela de modo devastador tudo à sua volta, bem como aos seus próprios integrantes. Não há mais um Olavo de Carvalho a orientá-los e o próprio Bolsonaro aparenta estar sucumbindo às enormes pressões de comuno-globalistas infiltrados (os quais juram ser “de direita”), que o batizaram de “frouxonaro” e alegam ser ele alguém que visa, unicamente, proteger seus filhos e beneficiar sua família. Tal guerra psicológica tem obtido sucesso, diante de tantos órfãos da lucidez olaviana.
Consideremos: clamar pelo impeachment de Lula sempre é válido, mas sabemos todo o caminho que tal processo tomará, bem como o tempo de sua duração: inevitavelmente passará pelas mãos do STF e, ainda que siga adiante, será concluído apenas nos últimos dias de mandato do ex-condenado, que foi tirado da cadeia para ser apenas um “testa de ferro”, jamais tendo governado este país.
Analisando agora as pautas de maior “sucesso” nas redes sociais: impeachment para quê? Para, além de todo o já exposto acima, Geraldo Alckmin – companheiro de Michel Temer e demais globalistas – assumir e dar seguimento à atual ditadura, já convenientemente “suavizada”, e que eternizará tal grupo no poder? Anistia aos presos políticos por quê? Por um crime que não cometeram e que, ao serem beneficiados, admitirão uma culpa inexistente e engrossarão os futuros manuais de história do Brasil, lembrados como “extremistas que atentaram contra a democracia”?
Talvez fosse mais conveniente pedir a prisão do ditador Alexandre de Moraes, cria de Temer – o ponto nevrálgico de toda a situação que vivemos hoje – bem como profunda CPI a investigar as entranhas do Poder Judiciário. Esta seria uma boa pauta para o dia 16 de março – destinada, sabemos, apenas a infundir o medo na ditadura e criar repercussão internacional – mas tudo se perde na infinidade de dramas envolvidos, principalmente daqueles que estão atrás das grades injustamente.
Temos uma completa reforma política a reivindicar – incluindo voto distrital impresso e outros, como o fim do voto para analfabetos – bem como a reforma do Judiciário, vitaminada por conveniente CPI do mesmo, e que poderia reduzi-lo ao seu devido tamanho, deixando de ser um dos Três Poderes – ou jamais ninguém governará o Brasil, submetido à prévia e partidária vigilância do mesmo sobre sua gestão.
Temos também a obrigação de aposentar esta Constituição, parlamentarista em essência (os comunistas que a escreveram anteviam longas permanências no poder, tal qual a da destrutiva chanceler alemã, Angela Merkel), mas como reformá-la com os analfabetos funcionais – e de má índole – que compõem a maioria atual, no Congresso?
Talvez esteja na hora de refletirmos sobre tal infinidade de questões críticas, que se abatem sobre nós. Como deixamos chegar a tal ponto? Por quê fomos tão passivos, tolerantes? E, finalmente, a mais incômoda questão: por quê temos tanto medo de ir às ruas, se sabemos que ditaduras jamais largam o poder pacificamente?
Ir às ruas apenas para gritar “Fora Lula”?
A suposta “direita” perde-se em brigas, guerras de vaidades, pretensões eleitoreiras e ainda se submete ao veneno divisionista dos infiltrados globalistas do centrão. Não sabem chegar a um consenso sobre pautas reivindicatórias e, muito menos, sobre quem será o melhor presidente – Bolsonaro ou algum outro.
Como confiar nos ideais de gente assim?
O modo “fogo no rabo” já está “on” no povo, o centrão e os globalistas agradecem.