O economista-chefe da XP, Caio Megale, alertou que o esperado aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, previsto para a reunião do Copom desta semana, pode ser insuficiente para controlar a inflação. A declaração foi feita durante o Morning Call da XP nesta segunda-feira (17).
O cenário econômico atual apresenta sinais contraditórios que preocupam os especialistas. Enquanto alguns indicadores mostram uma leve acomodação da atividade econômica, outros revelam resiliência significativa, como as vendas no varejo. O PIB demonstrou crescimento robusto nos últimos quatro anos, impactando diversos setores da economia.
A pressão inflacionária persiste em diferentes segmentos, com alguns setores enfrentando até mesmo escassez de mão de obra. “Tem setores que não conseguem gente para trabalhar e há pressão de preços em vários segmentos da economia”, destacou Megale. O economista ressalta que, mesmo com a Selic chegando a 14,25%, a inflação no horizonte relevante permanece acima da meta estabelecida.
O Banco Central já realizou duas elevações de 1 ponto percentual nos juros, seguindo o plano anunciado em dezembro, que previa três aumentos consecutivos. A terceira alta, programada para esta semana, completará o ciclo inicialmente previsto. No entanto, Megale sugere que ajustes adicionais podem ser necessários na próxima reunião do Copom, em maio.
O cenário base considera a manutenção do câmbio em R$ 5,80 e uma desaceleração gradual da economia, fatores que, segundo o especialista, não serão suficientes para uma redução significativa da inflação no curto prazo. “O Copom está subindo as taxas de juros para tentar colocar um pouco de água nessa fervura para que o crescimento fique sustentável e permanente”, explicou o economista.