O Banco do Brasil adotou uma postura cautelosa ao aumentar em 28,2% suas reservas para cobrir possíveis inadimplências, atingindo R$ 41,9 bilhões, o maior nível desde 2010. A decisão contrasta com a estratégia dos outros grandes bancos do país, que reduziram suas provisões.
O movimento reflete preocupações com o setor agrícola, área em que o banco tem forte atuação. Em 2024, o agronegócio brasileiro enfrentou uma crise significativa, com aumento de 529% nos pedidos de recuperação judicial em comparação ao ano anterior. O segundo trimestre concentrou o maior volume de pedidos.
Enquanto isso, Bradesco, Santander e Itaú Unibanco seguiram caminho inverso, reduzindo suas provisões em 10,8%, 11,4% e 20,8% respectivamente. A diferença nas estratégias está relacionada ao perfil da carteira de crédito de cada instituição.
A alta da taxa Selic e restrições no Plano Safra são fatores que podem agravar ainda mais o cenário para o setor agrícola. O aumento nas provisões do Banco do Brasil sinaliza que a instituição se prepara para um possível agravamento da situação financeira de produtores rurais e empresas do agronegócio.
Analistas do mercado financeiro avaliam que a decisão do banco público demonstra prudência, considerando sua exposição significativa ao setor rural. A medida visa garantir solidez financeira mesmo em um cenário de aumento da inadimplência.
O fortalecimento das reservas ocorre em um momento delicado para o agronegócio brasileiro, que enfrenta desafios como queda nos preços das commodities, aumento dos custos de produção e condições climáticas adversas em diversas regiões produtoras.