O Brasil inicia 2025 sob forte pressão econômica devido às crescentes tensões geopolíticas globais, segundo relatório divulgado pela consultoria Eurasia. O documento “Top Risks 2025” aponta que a volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e possíveis impasses comerciais com a China podem ampliar significativamente os riscos para a economia brasileira.
A análise revela que o país já enfrenta desafios internos consideráveis, com uma desvalorização de 27% do real em 2024 e preocupações crescentes sobre a dívida pública, que atualmente representa 78% do PIB. A situação pode se agravar com a implementação da “Trumponomics”, nome dado às políticas econômicas do próximo governo americano, que podem gerar maior inflação global e fortalecimento do dólar.
Entre os principais riscos identificados, destaca-se a possibilidade de uma guerra comercial entre Estados Unidos e China, que afetaria diretamente as exportações brasileiras de commodities. Com o barril de petróleo potencialmente abaixo de US$ 60, as receitas do setor petrolífero nacional sofreriam reduções significativas.
Apesar do cenário desafiador, o relatório também identifica oportunidades para o Brasil. O país pode se beneficiar da busca global por segurança alimentar e energética, além de potencialmente atrair investimentos que antes se destinariam ao México, devido às incertezas institucionais no país vizinho.
O documento ressalta que, embora uma crise econômica generalizada seja improvável, o cenário político doméstico pode se complicar. A necessidade de superávits primários de 2,4% do PIB para estabilizar a dívida pública coloca o governo Lula diante de escolhas difíceis, especialmente considerando a proximidade das eleições de 2026.
A Eurasia conclui que a independência do Banco Central e a robustez das instituições brasileiras devem ajudar a evitar um colapso econômico. No entanto, o sucesso do país em navegar por essas turbulências dependerá da capacidade do governo em implementar medidas de ajuste fiscal e manter a confiança dos investidores internacionais.