A reunião extraordinária da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) foi cancelada nesta quarta-feira (29) por falta de consenso entre os países membros. O encontro, que discutiria a nova política migratória de Donald Trump e suas retaliações à Colômbia, fracassou antes mesmo de começar.
A tensão começou quando o presidente colombiano Gustavo Petro negou a entrada de aviões americanos com deportados de seu país. Em resposta, Trump anunciou medidas drásticas contra a Colômbia, incluindo tarifas de 25% sobre produtos colombianos, com ameaça de aumento para 50% em uma semana, além de restrições a vistos e viagens.
A presidente de Honduras, Xiomara Castro, atual líder temporária da Celac, tentou organizar uma reunião de emergência para discutir a situação. No entanto, divergências sobre a legitimidade da convocação por uma presidência temporária (pro tempore) levaram ao cancelamento do encontro. O presidente Lula, que participaria por videoconferência, não se opôs à realização da reunião.
O embate entre Trump e Petro ganhou contornos diplomáticos mais graves quando o líder americano usou sua rede social para chamar o presidente colombiano de “socialista” e “impopular”. Petro respondeu acusando Trump de considerá-lo uma “raça inferior” e anunciou retaliações comerciais, incluindo uma taxa de 25% sobre produtos americanos.
Diante das pressões econômicas, o governo colombiano acabou recuando e aceitou receber os voos com deportados. O episódio expõe as tensões crescentes entre Estados Unidos e América Latina em relação às políticas migratórias, além de evidenciar as dificuldades de articulação regional para responder a crises diplomáticas.